Ageflor – Associação Gaúcha de Empresas Florestais

Artigo: A atividade florestal não define o clima do planeta

Por Engº. Florestal ROBERTO M. FERRON – Consultor Florestal/Ambiental para o jornal Bom Dia de Erechim

As mudanças climáticas atingiram o Brasil, especificamente o RS. Uma tragédia sem precedentes que se abateu sobre o Estado, deixando todos atônitos, e sem planos estratégicos urgentes para minimizar as consequências. 

Agora, os “lacradores de plantão”, declaram e afirmam que as mudanças climáticas é culpa da silvicultura, das arvores e das florestas plantadas, os chamados “desertos verdes”.  Mais uma vez, volta-se a “culpar” uma das atividades mais promissoras do Brasil, e que brevemente vai tornar o nosso país no maior produtor mundial de madeiras, de celulose e papel, de painéis, de pellets e biomassa florestal do planeta.

Eles não aguentam ver tanto desenvolvimento no Brasil, por nossos atributos naturais (sol, água, solo e até vento). E mesmo sendo barrados com selos, certificações, e tantas outras artimanhas comerciais, nós avançamos, pulamos (cumprimos) as barreiras, e vamos em frente! O povo brasileiro é criativo, arrojado, destemido e solidário! Somos tops em muitas coisas, principalmente na agricultura, pecuária, e definitivamente nos impondo na silvicultura.

Este sistema é perverso, não usa a guerra armamentista, mas a guerra da desinformação, transformando mentiras em verdades, distorcendo os fatos. E a peleia é do “bem contra o mal”, da “direita contra a esquerda”, do “certo contra o errado”.

Pensando bem, na verdade sempre há dois lados, o lado direito do corpo e o lado esquerdo; temos a parte frontal e as costas; o lado direito do cérebro e o lado esquerdo; temos o dia e à noite; temos o sol e os dias nublados; na política há polarização dos esquerdistas e dos direitistas; e assim, o planeta gira e o mundo anda, na eterna luta do “Davi contra Golias”. Enfim, estamos numa guerra sem fim!

O importante é divergir, é contrapor, é ter um bom embate, dentro da normalidade, da coerência, da técnica e com dados e informações de pesquisas cientificas. E como se diz, “que vença o mais verdadeiro, o melhor, o correto”!

Contudo, o fundamental, é ver as reais intenções de quem faz o jogo, qual o propósito da sua tese e defesa, a quem está a serviço. Temos que ter noção e compreender o que esta por traz do movimento, do jogo de interesses.

Voltando aos desertos verdes, em matéria publicada na BBC News Brasil no dia 27 de maio último, refere-se que “a Câmara dos Deputados aprovou uma alteração na Política Nacional do Meio Ambiente: o projeto de lei 1366/22, do Senado, que exclui da lista de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais a silvicultura, segmento agroindustrial que planta florestas como pinus e eucaliptos para extrair celulose do rol de atividades potencialmente poluidoras e que utilizam recursos ambientais”. O pesquisador e professor da UFRGS, Rualdo Menegat, Geólogo, doutor em Ciências na área da ecologia de paisagem, declarou que “as paisagens do Bioma Pampa, que cobre pouco mais de 2% do território brasileiro e foi o que mais perdeu território nas últimas décadas, mudaram radicalmente nas últimas décadas. Além das plantações e silos de soja, a silvicultura tem transformado regiões de vegetação rasteira em grandes florestas”. A matéria finaliza com uma afirmação da Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação da Áreas Degradadas, Engª Florestal Ana Paula Moreira Rovedder, docente do Departamento de Ciências Florestais da UFSM: “pode levar a intensificação das consequências dos eventos climáticos extremos”.

Ora, convenhamos “a silvicultura pode levar a ocorrência de eventos climáticos extremos”? Há de se perguntar como?

Meu colega Maximiliano Finckler, ex-secretário de Meio Ambiente de Guaíba, na época Coordenador do Movimento Plantando Desenvolvimento Sustentável, hoje consultor florestal/ambiental declarou: “no auge da Batalha da Silvicultura rastreamos o caminho do dinheiro que financiava as ONGS e ficou claro a origem e o destino das verbas que financiavam esse tipo de estudos. Grandes conglomerados europeus do segmento da celulose/papel irrigavam fortunas para que teses deste tipo fossem disseminadas em academias, que de forma sonolenta, propagavam esse tipo de pesquisas como se fossem verdades”.

Vale ressaltar que há 300.000 há (2,78%) reflorestados num universo de 11.000.000 hectares, que é a área total do Bioma Pampa.

A pergunta que fica: de que forma a silvicultura vai interferir no clima?

Fonte: Bom Dia

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