Ageflor – Associação Gaúcha de Empresas Florestais

Comunicação no setor florestal: evolução e avanços tecnológicos para difusão de informação

Durante o Congresso Plantações Florestais, realizado em Piracicaba (SP), pelo IPEF – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – o painel “Quais os desafios da comunicação de valores do setor florestal?” reuniu importantes profissionais da área para falar sobre o tema: Cindy Correa, gerente de Comunicação da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá); Frederico Bastos, gerente de Comunicação Digital e Mídias Sociais da Bracell; e Patricia Capo, editora de Publicações da ABTCP – revista O Papel, portal newspulpaper.com e Guia ABTCP de Fabricantes & Fornecedores. A mediação ficou a cargo de Paulo Cardoso, editor-chefe do portal Mais Floresta.

A discussão abordou as transformações na comunicação no setor florestal, marcada por uma abordagem multicanal, humanizada, reconhecendo o potencial das mídias sociais para a difusão da informação, bem como o uso de novos recursos tecnológicos. Foram destacadas estratégias para adaptar as mensagens à atenção reduzida do público e o uso de formatos mais dinâmicos, como vídeos e conteúdos interativos.

Comunicação em tempos de atenção fragmentada

Frederico Bastos, da Bracell, iniciou sua fala destacando os desafios da comunicação em tempos de atenção fragmentada. Para ele, comunicar daqui a 15 anos será totalmente diferente de hoje, especialmente devido à influência em cada uma das gerações, Baby Boomers, Geração X, Millennials, Geração Z e Alpha, que foram moldadas por contextos distintos.

“Em 2004, o tempo médio de concentração era de 2 minutos e 30 segundos; em 2024, caiu para 40 segundos. Estudos da Eye Square, empresa especializada em pesquisas de mercado, mostram que conseguimos manter os olhos na tela por apenas 2,5 segundos antes de nos distrairmos. Diante disso, como comunicar temas densos de forma eficaz?”, indagou.

A resposta, segundo Frederico, está em fragmentar mensagens, adotar abordagens em camadas, planejar para jornadas de consumo fragmentadas e adaptar conteúdos a diferentes plataformas, respeitando a linguagem de cada uma.

Também mencionou o desafio das bolhas algorítmicas nas redes sociais, que limitam o alcance da informação. Como exemplo, citou campanhas que utilizam vídeos curtos e formatos criativos para envolver o público, além de destacar o alcance crescente que a Bracell conquistou por meio dessa estratégia nas redes sociais, que já soma mais de 800 mil seguidores.

Comunicação no setor florestal: presença, estratégia e humanização

Cindy Correa, da Ibá, ressaltou a importância de uma comunicação estratégica, contínua e humanizada no setor florestal, com planejamento e investimento adequados. Destacou que o setor compreende a necessidade de se posicionar ativamente, atuando tanto no ambiente digital quanto no tradicional.

Segundo dados da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), 134 empresas investiram, no ano passado, cerca de R$ 31 milhões em comunicação institucional. “O setor florestal, assim como o agro e outros segmentos B2B, já entendeu que não é mais possível manter uma postura silenciosa ou reativa. Hoje, comunicar é essencial para manter a licença social para operar”, indicou.

A gerente da Ibá frisou ainda que cada canal demanda uma linguagem específica, e que a presença deve ser ampliada para alcançar diferentes públicos, incluindo influenciadores, comunidades e consumidores indiretos. Ela também destacou a relevância da humanização, aproximando a comunicação do público por meio de campanhas colaborativas e conteúdo real, que geram engajamento e circulação espontânea, citando campanhas bem-sucedidas como o Mês da Biodiversidade, com mais de 5 milhões de pessoas alcançadas, e “Sou + Papel”, que viralizou organicamente com mais de 6 milhões de visualizações.

Se a marca não estiver dentro do algoritmo do público, ela não será vista.” Nesse cenário, a humanização se tornou central. “Hoje ninguém quer ouvir apenas um discurso corporativo. As pessoas querem se identificar”, destacou.

Além disso, Cindy mencionou que iniciativas tradicionais continuam importantes para fortalecer a relação com o público. “Ainda temos espaço para mensagens clássicas, materiais impressos, ações culturais como o projeto #circuleumlivro, que promove troca gratuita de livros em São Paulo e outras capitais, incentivando leitura e conexão com o público urbano. Assim como a Suzano tem o Museu da Imaginação, nós também estamos criando experiências analógicas que fazem sentido”, pontuou.

“O setor mudou a narrativa. Não importa só o que queremos dizer, mas o que o público precisa ouvir. É uma comunicação moderna, integrada e com propósito”, disse, concluindo sua fala com um convite: “Quem quiser conversar, me liga. A construção é coletiva.”

Credibilidade da informação e jornalismo segmentado

Patrícia Capo, da ABTCP – editora da revista O Papel; do portal de notícias Newspulpaper.com e Guia ABTCP de Fabricantes & Fornecedores destacou a responsabilidade do jornalismo em manter a credibilidade e a apuração rigorosa das informações mesmo em um cenário digital de divulgação das notícias, especialmente em um setor com desafios e questionamentos constantes. Ela enfatizou que a confiança do público depende do cuidado com a veracidade da informação e o detalhamento das notícias, dependendo do grau de interesse de cada público pelo assunto.

Sobre o público técnico da revista, Patrícia ressaltou que os leitores buscam conteúdos aprofundados e detalhados, e que o jornalismo segmentado tem papel fundamental para combater a desinformação no setor.

A editora também falou sobre a adaptação aos formatos digitais, incluindo a versão da publicação online, podcasts e integração com redes sociais, mantendo a qualidade e adaptando a linguagem conforme o canal, bem como a criação de novos canais mais ágeis e dinâmicos, como a criação do portal newspulpaper.com, que veio para integrar todos os produtos editoriais da ABTCP e ainda com o objetivo de entregar conteúdo atualizado frequentemente.

Por fim, Patrícia comentou sobre os desafios atuais do consumo de informação, em um cenário de excesso de dados e velocidade.

“Estamos vivendo a Era Exponencial em que a tecnologia avança muito mais rápido do que nossa capacidade de adaptação e isto tem gerado uma forte sensação de que estamos perdendo algo, não entendendo tudo no tempo requerido, entre outros sentimentos, o que causa um esgotamento emocional e que tem levado muitos ao burnout”, frisou, enfatizando a importância de buscar fontes confiáveis nos meios digitais e selecionar o quê ler no tempo que se tem a cada dia.

Ao final, Paulo Cardoso agradeceu a participação dos convidados e destacou o trabalho realizado pelo setor, pelas empresas, veículos especializados e especialmente pela Ibá, entidade representativa do setor florestal na difusão do setor.

ABTCP apoiou o Congresso Plantações Florestais pelo segundo ano consecutivo

Congresso Plantações Florestais, promovido pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), em sua segunda edição, foi realizado de 13 a 15 de maio, na sede do Pecege*, em Piracicaba-sp, e contou com o apoio da ABTCP pelo segundo ano consecutivo, como correalizadora junto à IUFRO – International Union of Forest Research Organizations e a Ibá – Indústria Brasileira de Árvores.

Durante a cerimônia de abertura, Alexandre Lanna, presidente do Conselho Executivo da ABTCP, destacou a trajetória conjunta das entidades. “São duas associações, a IPEF com 57 anos e a ABTCP de 58 anos, que têm aí no seu DNA exatamente a conexão das empresas e o comprometimento com o desenvolvimento tecnológico do setor”, afirmou sobre a relevância de ambas para que o setor florestal se tornasse uma referência mundial.

Lanna participou da cerimônia compondo a mesa com o novo diretor executivo do IPEF, Robinson Cannaval Júnior; Mauro Valdir Schumacher (Coordenador Comitê Técnico-Científico do Congresso | IPEF); José Otávio Brito (Presidente do Congresso | IPEF); Darlon Orlamunder de Souza (presidente do conselho deliberativo do IPEF | Klabin) e Joberto Veloso de Freitas (Representante no Conselho Internacional da IUFRO). Murilo Ribeiro (IPEF) conduziu a cerimônia.

O congresso foi um sucesso e é fruto da gestão de José Otávio Brito, que esteve à frente do Instituto por vários anos. Conforme o professor doutor, ao realizar um balanço sobre o evento, ele disse que mesmo ainda em sua segunda edição e em uma curva de aprendizado em relação à sua realizado, o Congresso Plantações Florestais atingiu plenamente os seus objetivos. “Eu diria que até os superamos. Tenho a convicção do que ele está se tornando e isso é reconhecido pelo público que esteve presente, nos contatos que nós tivemos com as pessoas, como talvez o mais importante evento na área técnico-científica no contexto do setor de plantações florestais”, destacou.

Brito falou ainda sobre sua satisfação em ter participado pela segunda vez da organização geral do evento. “Esse é um dos legados importantes que eu considero para o setor florestal ao deixar a minha administração de vários anos junto ao IPEF”, afirmou dizendo ainda que o Congresso já está consolidado no sentido de ter a sua continuidade, especialmente quanto ao atendimento quantitativo e qualitativo muito importante em relação aos participantes.

Foram mais de 200 trabalhos técnicos-científicos selecionados entre apresentação oral e pôsteres. “Tivemos sessões plenárias com participantes importantes, inclusive de nível internacional, cujos resultados tenho permitiram que as pessoas saíssem do evento com maior embasamento, com maior número de informações para continuar desenvolvendo suas atividades profissionais”, indicou fazendo referência ainda a participação intensiva de alunos e professores, cumprindo com os objetivos principais deste encontro.

“Esses alunos serão os futuros profissionais que vão atuar junto ao setor, então, tendo a oportunidade de já fazer uma pré-convivência com temas importantes, com profissionais de larga experiência e competência no setor, isso vai trazer uma motivação adicional, bem como pode ser incluído como uma capacitação importante para que eles possam contribuir de forma efetiva para o crescimento cada vez maior do setor de plantações florestais no Brasil”, acrescentou.

O professor também agradeceu à ABTCP pelo grande histórico de parceria com o IPEF. “Ambos têm praticamente a mesma época de geração e têm contribuído fortemente para o desenvolvimento do setor em suas respectivas responsabilidades. A ABTCP esteve presente mais uma vez nessa segunda edição do nosso evento. Nós agradecemos a participação e envolvimento de todos os seus profissionais, da presidência até aqueles que estiveram participando dos debates aqui em temas importantes para o setor”, concluiu Brito.

Professor Dr. José Otávio Brito e sua história de liderança no IPEF

Em abril, o IPEF passou por importantes mudanças institucionais. Após quatro anos, Douglas Lazaretti (Suzano) deixou a presidência do Conselho Deliberativo, assumida agora por Darlon Orlamunder de Souza (Klabin), com Anderson Lins Machado (Dexco) na vice-presidência. A Diretoria Executiva passa a ser liderada por Robinson Cannaval Júnior, substituindo o Prof. José Otávio Brito, que encerra sua gestão após mais de 20 anos de atuação, 15 deles em cargos diretivos.

Durante os dois períodos de liderança do Prof. Brito, o IPEF passou por profundas transformações: implantação da sede própria, reformulação da revista científica Scientia Forestalis, modernização da comunicação, ampliação dos programas cooperativos, aumento do número de empresas associadas e implementação do planejamento estratégico IPEF55+. Sua gestão também foi marcada pela realização de eventos relevantes, como o Simpósio IPEF 50 anos e o Congresso sobre Plantações Florestais, que se consolidou como o principal evento técnico-científico do setor no Brasil.

“Ainda não entrei na aposentadoria, apenas encerro mais um ciclo. Sinto-me muito à vontade para dizer que meu envolvimento com o IPEF foi muito mais valioso que qualquer MBA. Uma oportunidade perfeita para exercício do hard and soft skills, numa instituição transformadora, inovadora. Ficam legados, até por obrigação do ofício, no entanto, o que guardo com maior apreço é o somatório de todas as oportunidades de relacionamento que tive, tanto no âmbito acadêmico como no empresarial, que estão a me deixar, praticamente, todas as portas abertas. Muito obrigado àqueles que comigo participaram da jornada.”
— Prof. Dr. José Otávio Brito (em comunicado oficial)

Fonte: Mais Floresta

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