Ageflor – Associação Gaúcha de Empresas Florestais

Workshop debate pragas florestais no Rio Grande do Sul

Métodos de manejo integrado de pragas florestais no Rio Grande do Sul foram debatidos nesta quarta-feira (1º/12) no 1º Workshop Gaúcho sobre Pragas Florestais. A promoção foi da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), por meio dos departamentos de Defesa Vegetal (DDV) e de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), com apoio da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor). O evento foi on-line e pode ser acessado pelo Youtube da SEAPDR no link youtube.com/AgriculturaGOVRS. Participaram profissionais do setor florestal, produtores florestais, professores e pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação e consultores florestais.

O engenheiro florestal da SEAPDR, Jackson Brilhante, abriu o encontro representando a secretária Silvana Covatti. Ele contou que o evento surgiu da necessidade de dar um panorama geral sobre o manejo de pragas florestais e discutir os desafios que o setor florestal vem enfrentando nos últimos anos para garantir um controle efetivo.

Para o diretor do DDPA, Caio Efrom, o tema da sanidade das florestas plantadas é um dos mais importantes para este setor expressivo da economia gaúcha. “E é uma oportunidade para o Departamento de Pesquisa da SEAPDR solidificar sua atuação junto à cadeia produtiva florestal, congregando num mesmo evento fiscalização, pesquisa e extensão. O fortalecimento desta atuação também se expressa através da recente definição do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal – Ceflor, em Santa Maria,  que passará a ser a referência estadual na área florestal”.

Palestras

O primeiro palestrante foi o diretor do Departamento de Defesa Vegetal (DDV), Ricardo Felicetti, que abordou “Atuação da Defesa Sanitária Vegetal nas pragas florestais no estado do Rio Grande do Sul”. Ele disse que, conforme a Embrapa, as perdas provocadas pelo ataque às árvores dependem da espécie da praga, do tipo de dano que causa e do valor comercial da madeira. “Deve-se estimar também os custos de remoção das plantas mortas, os custos de controle e os de replantio. Além disso, as pragas exóticas, muitas vezes, são quarentenárias para outros países que mantêm relações comerciais com o país em que ela foi introduzida. Desta forma, o país importador pode impor barreiras fitossanitárias, causando entraves no comércio, ou mesmo a sua perda, devido ao risco de introdução de pragas e aumento dos custos de produção em função dos tratamentos fitossanitários”.

De acordo com Felicetti, quanto à produção florestal, o Brasil tem a segunda maior área de florestas no mundo, só perdendo para a Rússia; está em nono lugar em florestas plantadas, correspondendo a 2,7% do total mundial, com 9 milhões de hectares (segundo relatório de 2020 da Indústria Brasileira de Árvores – Ibá); em relação à silvicultura e à extração florestal, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) foi de R$ 23,5 bilhões em 2020. No Rio Grande do Sul, em 1.035.935 hectares, o VPB foi de R$ 179,5 milhões em 2020 (dados do IBGE).

Felicetti afirmou também que a SEAPDR desenvolveu ações de combate às pragas florestais como legislações sobre o controle do cascudo serrador da acácia-negra (coleta e queima de galhos da árvore, cortados pelo cerambicídeo); sobre normas e medidas fitossanitárias para o controle da praga (foi instituído o uso do fogo nos restos culturais dos cultivos florestais da cultura); entre outras. A Secretaria ainda atuou na certificação fitossanitária para vespa-da-madeira, permitindo a comercialização de 103 mil hectares de florestas de pinus.

O pesquisador da CMPC Celulose Riograndense, Norton Borges Junior, palestrou sobre o “Manejo integrado de pragas na CMPC”. Ele falou que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencial para garantir a máxima produtividade dos plantios florestais. “O MIP fundamenta-se no uso de ferramentas de monitoramento para a identificação inicial de ocorrências de pragas, nas ações de controle para evitar danos aos plantios e, por fim, na avaliação dos resultados obtidos”.

Para Borges Junior, o controle de formiga-cortadeira é o maior desafio no Rio Grande do Sul, porque ela é a principal praga para os plantios de eucalipto. “Por isso, requer a realização do controle dos ninhos presentes na área antes do plantio das mudas. O controle empregado baseia-se na aplicação de isca formicida. Atualmente, dispomos de apenas um produto registrado no Estado, o que impede a escolha de produtos mais eficientes”.

O pesquisador salientou ainda que o controle biológico necessita de maiores investimentos de cooperativas e empresas especializadas na produção em larga escala de inimigos naturais (insetos que realizam o controle biológico das pragas, reduzindo o uso do controle químico). Disse também que as ferramentas de monitoramento estão evoluindo; e a falta de produtos registrados para algumas pragas ainda é uma realidade.

Por sua vez, o supervisor de Silvicultura e Pesquisa Florestal da Tanagro, engenheiro florestal Jeferson de Oliveira, apresentou “Pragas em viveiro e florestas de acácia-negra”. Ele disse que as principais pragas que têm sido registradas na fase de produção de mudas são tripes, ácaros, lagartas e Bradysia (espécie de mosca). E as principais pragas que ocorrem nas florestas são o cascudo serrador, as lagartas, as formigas, a cigarrinha-verde e a lebre. “Entre essas, a que mais causa prejuízos ao desenvolvimento dos plantios é o cascudo serrador, sendo que as medidas para reduzir a infestação são o recolhimento e a queima dos galhos cortados”. 

O gestor florestal da Madem e vice-presidente da Ageflor, Daniel Chies, e a pesquisadora da Embrapa Florestas, Susete Penteado, falaram sobre “Situação atual e manejo de pragas na cultura do pinus”. Foram apresentadas as principais pragas dos plantios de pinus no Brasil, sendo elas: vespa-da-madeira, pulgões-gigantes-do-pinus, gorgulho-do-pinus e formigas-cortadeiras.

Susete detalhou o Programa de Manejo Integrado de Pragas, desenvolvido para a vespa-da-madeira, com o objetivo de reduzir os danos causados por esta praga dos plantios de pinus no Brasil.

“Este Programa foi desenvolvido pela Embrapa Florestas, em parceria com o setor produtivo, através do Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema), universidades e órgãos governamentais ligados ao setor florestal. Ele é constituído por ações de prevenção ao ataque da praga, pela utilização do manejo florestal, medidas quarentenárias e de monitoramento. Conta também com a aplicação de medidas de controle biológico, pela utilização de um nematoide e de vespas parasitoides, além de ações de transferência de tecnologia, pela realização de capacitações e elaboração de materiais de divulgação”, esclareceu a pesquisadora.

Chies, que também é coordenador da Câmara Setorial de Florestas Plantadas da SEAPDR, abordou o assunto do ponto de vista operacional das empresas e produtores no dia a dia e falou sobre os principais entraves existentes nas operações florestais, no que tange a pragas. De acordo com ele, os produtores têm dificuldade de acesso à orientação profissional quanto ao controle e manejo de pragas. “E o maior entrave de cunho burocrático é a restrição, no Rio Grande do Sul, ao uso do princípio ativo sulfluramida, que é o mais eficiente no combate a pragas como a formiga-cortadeira. Sabemos que o número de perdas nas florestas aumentou consideravelmente no plantio e no pós-plantio depois dessa proibição”.

Ele destacou ainda que o workshop foi de “grande importância para o setor florestal e de excelente nível técnico”.

O último palestrante foi o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Ilvandro Barreto, que abordou a “Situação atual e manejo de pragas na cultura da erva-mate”. Ele explanou sobre o posicionamento da cultura da erva-mate no Rio Grande do Sul frente à ocorrência de pragas nos diferentes polos ervateiros do Estado e a identificação das principais pragas presentes nos ervais, danos provocados, monitoramento e estratégias de controle.

Segundo Barreto, há a necessidade de uma campanha conjunta de conscientização entre os quatro estados produtores (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul) para monitoramento e controle das pragas da erva-mate, de forma que o nível e a intensidade de ataque não causem redução na produção, na longevidade da erveira e nem na qualidade da folha produzida.

“Como principais pragas destacam-se a Ampola da erva-mate, Gyropsylla spegazziniana e a Broca da Erva-mate, Hedypathes betulinus. A broca é um besouro da ordem coleóptera e tem um grande potencial destruidor dos ervais, nas fases larval e adulta do inseto. Ataca troncos e ramos da erveira, construindo galerias internas e roendo a casca, por vezes causando a morte de ramos e árvores.  É amplamente disseminada nos ervais, o que necessita de um monitoramento e controle contínuo. A catação manual e o uso de produto biológico Bovemax são as estratégias mais eficazes para o seu controle, além da adequada implantação, manejo e sistema de poda usado nas erveiras”, explicou Barreto.

Após as palestras houve uma mesa redonda com mediação do engenheiro florestal Jackson Brilhante.

Fonte: Seapdr

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