A importância da atividade florestal para a economia, para a agropecuária e para a fumicultura foi discutida no Fórum Florestal Regional do Vale do Rio Pardo, realizado na tarde de sexta-feira, 24 de março, último dia de programação da Expoagro Afubra 2023. Ao abrir o evento, o gerente de Produção Agroflorestal da Afubra, Juarez Iensen Pedroso Filho, lembrou que a produção florestal é uma vocação da região dos Vales. “Essa atividade é tão importante para as pessoas, tanto do meio rural, como do urbano e deve ser melhor conhecida e compreendida por todos”, disse. “Cada elo da cadeia florestal tem importância ímpar, desde a semente, do clone, da colheita, logística, processamento e transformação”, acrescentou.
Ao lembrar que o momento atual é de mudanças na cadeia de fornecimento de matérias-primas, Pedroso disse que é imprescindível compreender os aspectos relacionados à produção florestal para agir em direção à sustentabilidade. “A cadeia produtiva do tabaco teve ações importantes no fomento florestal para estabelecer boa parte da base florestal disponível nas regiões fumicultoras”, explicou. “Há mais de 40 anos, esforços buscam aprimorar a tecnologia aplicada e garantir o suprimento de lenhas para a cura do tabaco. E, em conjunto, outras cadeias se fortaleceram ou se criaram”, comentou.
O primeiro painelista foi Marcelo Schmid, CSO (Chief Sales Officer) do Grupo Index, que apresentou o panorama geral da cadeia produtiva da madeira. Ao falar sobre as vantagens relacionadas à produção florestal organizada, ele disse que há benefícios ambientais e possibilidades de marketing socioambiental, bem como valor da marca, ampliação de mercado, sustentabilidade e arrecadação de impostos pelo poder público. “O Brasil tem vocação para se tornar, de longe, a maior potência florestal do planeta, que ainda é os Estados Unidos”, disse. “Os números do setor florestal e tudo aquilo que ele devolve para o país mostram a grande importância que tem”, finalizou.
O palestrante seguinte foi Rafael Ferreira, consultor florestal da Engef, que falou sobre o tema “A silvicultura no RS – Parque industrial do setor florestal”. Ao mostrar o panorama do Rio Grande do Sul, ele mostrou que os eucaliptos são a maior espécie exótica cultivada, com 648.494 hectares, representando 63% da área de espécies energética, que é de 1.022.861 mil hectares cultivados. “Dados econômicos mostram que o setor é responsável por 4,2% do PIB do RS e gera US$ 2 bilhões em exportações”, contou, comentando que o setor se desenvolveu mais a partir do ano 2000, quando o governo gaúcho se ateve ao potencial e implantou o projeto floresta-indústria.
Rafael Ferreira disse ainda que a região Central do Rio Grande do Sul possui 509.270 hectares de floresta plantada, sendo, em grande parte por pequenos produtores para a cura do tabaco. “A região tem condições edafoclimáticas e relevo satisfatório para plantios de florestas, e condicionantes econômicos que são atrativos para investimento florestal, sendo os parâmetros de rendimentos florestais os melhores obtidos no estado”, explicou. Ele concluiu lembrando que o setor de floresta plantada no estado do RS é de aproximadamente 280 mil hectares, o que é menor do que a área possível, apontando a possibilidade expansão da atividade.
Outro painelista foi Fabrício Ribeiro Azolin, engenheiro agrônomo e chefe da Divisão de Florestas Plantadas do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Ao falar do Cadastro Florestal, ele revelou que o sistema antigo está sendo substituído pelo cadastro online, mais eficiente. “A nova plataforma está sendo desenvolvida para que se tenha dados atualizados”, contou. Azolin também explicou detalhes sobre a forma como o registro deve ser preenchido e disse que o Cadastro de Produtor Florestal (COF) passará a ter validade por cinco anos. Ele também falou da importância das florestas energéticas para a preservação. “Sem floresta plantada, não teríamos mais floresta nativa”, salientou.
E o engenheiro florestal doutor em Ciência do Solo, Jackson Freitas Brilhante de São José, do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da (DDPA/Seapi), falou sobre “Plano ABC – Agricultura de baixo carbono”. Segundo ele, o plano ABC propõe, para o período 2020-2030 objetivos relacionados a promover a adaptação à mudança do clima e o controle da emissão de gazes de efeito estufa na agropecuária brasileira, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos. Entre as técnicas mencionadas, o palestrante ressaltou o sistema de integração, onde as espécies florestais são integradas com lavoura ou pecuária no mesmo espaço.
Ao mostrar exemplos onde havia diferença de cinco a oito graus célsius entre campo limpo e ambiente com árvores cultivadas, o engenheiro florestal lembrou que a temperatura confortável é um diferencial na atividade pecuária e deve ser considerada. “Problemas como algumas doenças foram menores entre os animais em pastejo com plantas e sombras. E isso também tem reflexo no mercado de madeira no Estado”, disse. Ele também explicou como funcionam os programas Pronaf ABC Bioeconomia Silvicultura e o ABC Florestas, que têm taxas de juros reduzidas.
E o último painelista foi o engenheiro de Produção Junior Haas, diretor da Haas Madeiras, de Venâncio Aires, disse que as premissas de ESG (Environmental, Social and Governance) trouxeram mudanças estruturantes no negócio. Entre os clientes ligados à Europa, foi preciso explicar que o pallet não é de desmatamento da Amazônia. “E, para clientes certificados, só conseguimos vender se tivermos toda a rastreabilidade da nossa madeira”, disse. “Não é lei governamental e não vem da ONU. É o mercado que exige”, completou.
Outro aspecto abordado por Haas é o que ele chama de “florestas invisíveis”, que estão nos minifúndios, propriedades familiares, em terrenos acidentados, que não aparecem nas estatísticas. “Se não têm registro, oficialmente não existem e, por isso, o produtor não tem acesso a créditos e outras vantagens”, falou, ressaltando a necessidade de os produtores realizarem todos os registros necessários. Sobre a cadeia do tabaco, Haas comentou ainda que a floresta pode ter mais de uma finalidade econômica, pois sua empresa tem interesse nas toras e que o restante das árvores de eucaliptos pode servir para a cura nas estufas.
Fomento Florestal Haas é case de Fórum na Expoagro Afubra
Pelo segundo ano consecutivo a Haas Madeiras participou da Expoagro Afubra, em Rio Pardo, Rincão del Rey. A feira ocorreu do dia 21 a 24 de março e neste ano a Haas participou com estande. O objetivo principal foi a divulgação do Fomento Florestal Haas e a captação de novas áreas para plantio, em um raio de até 100 quilômetros da indústria, localizada em Linha Brasil, no interior de Venâncio. No estande foram apresentados os produtos, o palete e o pellet de eucalipto da Haas, que são oriundos das florestas de eucalipto.
A associada Seta também esteve presente na Expoagro Afubra 2023. A feira encerrou com a participação de 186 mil visitantes e registrou R$ 347.300 milhões em negócios, 57,27% a mais do que em 2022. O presidente Luiz Augusto Alves, juntamente com o diretor-executivo Jorge Heineck, esteve na solenidade de abertura da Expoagro Afubra, que contou com a presença do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, entre outras autoridades, na manhã desta terça-feira, 21 de março.
Com informações da Assessoria de Imprensa da Expoagro Afubra 2023. Foto: Lula Helfer/Afubra