Por Eduardo Allgayer Osorio
Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) aprovou recentemente a atualização do Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura no RS (ZAS), tendo a Secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura assim se manifestado: “O RS é o único estado que tem um zoneamento específico para a atividade da silvicultura, o que torna esse processo ambientalmente ainda mais seguro. Após três anos de discussões por um corpo técnico qualificadíssimo e mais de duzentas contribuições, chegamos a aprovação desse importante instrumento de gestão e uso do solo, seguindo os preceitos da preservação aliados ao desenvolvimento econômico”.
O estudo do ZAS iniciou em 2018 com a verificação das disponibilidades hídricas, atualização dos dados de diversidade e a inserção de novas ferramentas de geociências, compatibilizando a atividade florestal com a conservação dos ecossistemas naturais, tendo o presidente do Consema declarado: “Seguimos trabalhando fortemente na preservação do Pampa e da Mata Atlântica, em consonância com o desenvolvimento sustentável das atividades produtivas”.
Mas teve quem não gostasse, contrários que são ao plantio de florestas. São os mesmos que se opuseram à instalação na Zona Sul do RS de uma fábrica de celulose da empresa Fibria, um projeto que investiria dois bilhões de dólares (para ter-se uma ideia do volume desse investimento, todo o complexo da montadora de carros da GM em Gravataí custou menos do que um milhão de dólares, ou seja, teríamos “duas GMs” aqui).
Na época, entidades como o MST, o Cimi, o Cpers, a Adufpel, a Asufpel e os partidos PT, PSOL e PDT criaram uma frente opositora que conseguiu “exportar” o projeto para Três Lagoas-MS, onde hoje gera seis mil empregos e um extraordinário desenvolvimento econômico. Na época assisti, no Dia da Árvore, o desfile de uma professora filiada ao Cpers com seus alunos portando cartazes demonizando o plantio de eucalipto. Me dirigi a ela e educadamente perguntei: ‘professora, os seus alunos entram na sala de aula por uma porta de madeira, com assoalho, janelas e teto de madeira, sentam em cadeiras de madeira, escrevem numa mesa de madeira, com um lápis de madeira, num caderno e livros de papel feitos com a celulose da madeira. Se não plantarmos florestas, para fabricar tudo o que os seus alunos usam na escola teremos que derrubar as florestas nativas. Acha correto o que está ensinando aos seus alunos sobremo plantio de eucalipto?’
Sobre a argumentação de que os cultivos florestais prejudicam os biomas Pampa e Mata Atlântica, o presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais responde: “toda a atividade florestal é desenvolvida em áreas já convertidas, ou seja, já utilizada para outras culturas e também pastagens. Portanto, a alegação de que irá impactar o bioma natural não se sustenta”. Afora isso, todos os plantios florestais são certificados por organismos internacionais que cobram a obediência a padrões ambientais, sociais e econômicos de manejo sustentável.