O Informativo Conjuntural da Emater/Ascar RS em sua edição número 1814, de 9 de maio de 2024, trouxe informações sobre a acacicultura, eucaliptocultura e a cultura do pinus no Rio Grande do Sul. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, segundo dados do IBGE de 2018, havia cerca de 8.400 hectares, concentrados na região das Hortênsias, onde a acácia-negra tem importância econômica e social nas propriedades familiares, proporcionando diversificação de cultivos e geração de renda complementar.
Os problemas relacionados à sucessão familiar, que gera escassez de mão de obra na propriedade, trazem limitações ao desenvolvimento da atividade. Porém, o relevo acidentado da região contribui para que a atividade se mantenha como alternativa de produção. Os produtores de idade mais avançada e com dificuldades físicas optam por esse cultivo, contratando mão de obra na implantação e na colheita como forma de manter a terra ocupada. Grande parte das operações de exploração da cultura, como o corte e o empilhamento, são terceirizadas, e o custo representa em torno de 60% da atividade, o que diminui a rentabilidade na pequena propriedade.
Observa-se, em alguns municípios, o fomento à atividade por parte de indústrias do setor a partir do fornecimento das mudas de acácia para estimular o plantio, o que motiva os produtores e resulta em algumas iniciativas para o plantio de novas áreas. Contudo, a exigência legal de cadastro de produtor florestal e o licenciamento da silvicultura contribuem para desestimular a implantação de novos áreas com a espécie.
O mercado de acácia-negra se concentra basicamente na produção de energia, em torno de 90%. Uma pequena parte da madeira produzida é destinada para vigas na construção civil. A acácia-negra é importante fonte de renda para agricultores familiares, que vendem a lenha para particulares, hotéis e indústrias, constituindo uma “poupança” ou mesmo servindo de renda para o ano. São realizados controle de formiga, tratos culturais e colheita. A cultura apresenta boas condições fitossanitárias no período. Os valores na comercialização da lenha e da casca mostraram estagnação.
Com relação ao plantio de eucalipto, na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, continua lento . As pequenas áreas de floresta ainda atendem à demanda local, especialmente para consumo energético. Segue preocupante a possível escassez de matéria prima para energia em médio prazo. As empresas consumidoras de lenha se organizam para iniciar novos plantios em virtude de possível escassez. As derrubadas de florestas foram paralizadas na semana que passou em função das fortes chuvas.
Em Caxias do Sul e região, há em torno de 31 mil hectares de eucalipto (IBGE, 2018). Assim como observado em relação às demais espécies florestais, a demanda pela matéria-prima proveniente de plantios de eucalipto está em elevação, o que sinaliza recuperação da cadeia produtiva do setor. O eucalipto se destaca nas intenções de plantio comparativamente a outras espécies florestais de rápido crescimento — mesmo que baixo —, sendo impulsionado pelo aumento da demanda por parte do segmento de desdobro e pelo seu múltiplo uso: lenha, vara, palanque para cercas, palanque para parreirais, poste (para aviários, estufas, construções rurais, viticultura), tora, madeira serrada, madeira para construção de moradias, carvão, entre outros. Em razão de a implantação de novas áreas e de o manejo da brotação ainda estarem abaixo do esperado pelo segmento, poderá faltar madeira da espécie nos próximos anos.
Além do aquecimento do mercado interno, a exportação de produtos da espécie está favorecida, contribuindo para estimular o aumento da demanda. Continuam os tratos culturais, o controle de formiga, o corte, o empilhamento e a comercialização de toras e subprodutos. A cultura apresenta boas condições fitossanitárias. Os preços pagos estão diretamente relacionados à localização dos plantios, ao grau de dificuldade para a extração e aos diâmetros da madeira. Apesar da melhora do mercado, a legislação aplicada ao plantio e à comercialização da espécie ainda são limitadores para a implantação de novas áreas e, inclusive, para a comercialização de madeira.
Sobre o cultivo de Pinus, informa a Emater/RS-Ascar que na região administrativa de Passo Fundo, continua a extração de resina e o manejo nos coletores em áreas florestais com contratos formalizados. Esses contratos de arrendamento entre as empresas de extração de resina e os proprietários de florestas continuam em ritmo lento, e as taxas variam entre 20% e 30%. O preço da resina continua mais baixo, assim como a demanda por tora de pinus para abastecer as empresas do estado de Santa Catarina. A colheita está ocorrendo de forma moderada. Os prejuízos causados pelo ataque de macaco-prego às plantações são altos.
Na região de Caxias do Sul, de acordo com o Censo do IBGE, em 2018, havia cerca de 192 mil hectares de pinus. A cultura tem importante participação em setores da cadeia produtiva de base florestal, como na produção de toras, de chapas, compensados, aglomerados, laminados, movelaria e pallets, em estaquetas para exportação, forros, assoalhos, construção civil, entre outras. Houve uma estabilização no preço de comercialização de toras. A procura se mantém estável, e a estimativa é de que esses valores se mantenham. Continua a procura pela matéria prima da espécie, proporcionando aos produtores bons preços e incremento no volume comercializado de toras, inclusive de menores diâmetros. Destaca-se a modalidade de comercialização da madeira em pé. De acordo com técnicos e empresários ligados ao setor madeireiro, o aumento pela demanda da madeira de pinus se deve, principalmente, pelo aumento da exportação da madeira, celulose e de outros produtos derivados bem como pela instalação de empresas consumidoras de matéria-prima florestal em São Francisco de Paula e Cambará do Sul.
As oportunidades de comercialização das toras de menores diâmetros tem estimulado a retomada do manejo nos plantios, como a desrama e o desbaste, mas ainda há grande preferência pela comercialização na modalidade de corte raso. Ainda há muitas áreas sem o manejo adequado da espécie, especialmente desbastes em atraso. No período, foram realizados corte, empilhamento e comercialização. Apesar do aumento na demanda pela matéria-prima, muito pouco está sendo plantado na região, com exceção das empresas verticalizadas. O recesso no mercado, nos últimos anos, e a legislação restritiva da silvicultura contribuíram para inibir novos plantios e para dificultar a comercialização de madeira oriunda de áreas não licenciadas.
Atualmente, na região, observam-se muitas áreas manejadas com corte raso e que não estão sendo replantadas, mas utilizadas para a agricultura. As espécies da região — Pinus taeda — não são potenciais para a extração da resina, mercado que está em alta. As entidades do setor florestal expressam preocupação em relação à falta de plantio de novas áreas, e à expansão, na região, de empreendimentos de desdobro e utilização da matéria-prima, além do aquecimento das exportações, o que projeta aumento na demanda pela espécie e sinaliza déficit de madeira, nos próximos anos, para o mercado local, regional e interestadual. A cultura está em boas condições fitossanitárias. Seguem o manejo, a colheita e a comercialização. Os preços estão estáveis no período.
Fonte: Emater/RS