Na ultima segunda-feira (21/10/2024), que marca o início da COP16 (Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), a Ibá lança o estudo “Biodiversidade: um compromisso do setor brasileiro de árvores cultivadas”. O documento de 55 páginas traz ações efetivas e em andamento das empresas associadas à entidade e que estão em linha com as 23 metas do Marco Global de Kunming Montreal.
O marco, assinado na última edição do evento por 196 nações, é um robusto plano que estabeleceu metas a serem atingidas até 2030 para conservação e uso sustentável da biodiversidade, além de acesso e repartição justa e equitativa dos benefícios oriundos da utilização dos recursos genéticos e do conhecimento tradicional associado a eles.
Há décadas o setor de árvores cultivadas zela pela biodiversidade presente em suas áreas de cultivo e de preservação. Foram registradas mais de 8.310 espécies nessas áreas, incluindo da flora, mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios, invertebrados e fungos. Essas espécies estão distribuídas em cinco biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa. Dentre elas, 335 foram consideradas ameaçadas de extinção. Nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, 26 (incluindo aves, mamíferos e flora) foram classificadas como bioindicadores, termo utilizado para espécies muito sensíveis às modificações no ambiente e que, por isso, são consideradas indicadores de qualidade ambiental. Nesses mesmos biomas, sete espécies da flora e 14 da fauna foram classificadas como raras. A publicação recém-lançada evidencia justamente os esforços do setor para zelar por essa diversidade e garantir o futuro do planeta.
O documento mostra, por exemplo, como há 25 anos a Veracel conserva a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Estação Veracel, localizada no sul da Bahia. A reserva tem mais de 6 mil hectares de Mata Atlântica e está entre as 20 áreas de conservação do mundo com maior número de espécies arbóreas, além de registrar 300 espécies de aves e mamíferos, entre elas a harpia, também conhecida como gavião-real, uma das maiores aves de rapina do mundo e considerada em risco de extinção. A conservação da Estação Veracel está alinhada à Meta 3, sobre áreas protegidas e outras medidas eficazes de conservação.
Outro exemplo do caderno é o Projeto Indaiá, localizado em Minas Gerais, que desde 2005 é apoiado pela Cenibra e contribui na geração de emprego e renda para a comunidade local. A empresa permite o acesso às suas áreas de manejo florestal para coleta da palha da palmeira indaiá, além de oferecer capacitação, treinamentos e patrocínio para participação em feiras e exposições regionais e nacionais. A iniciativa visa a comercialização e a promoção do artesanato, prática tricentenária no município de Antônio Dias. A ação dialoga com a Meta 5, que trata da coleta e comércio sustentável de espécies silvestres.
A própria Ibá está presente e, junto com as empresas brasileiras do setor de árvores cultivadas, participa ativamente das discussões promovidas pelo governo, a partir de consultas públicas, reuniões e diferentes iniciativas, como estabelecido pela Meta 14, que visa a integração das ações governamentais com o reconhecimento e a inserção da diversidade biológica no processo de tomada de decisão. Um bom exemplo disso é o processo de atualização da EPANB (Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade), uma ferramenta de gestão integrada das ações nacionais que visam conservar a biodiversidade e um instrumento de monitoramento do progresso das ações brasileiras que constam no Plano de Ação para a Biodiversidade.
Esses são apenas alguns dos registros da publicação, que traz também ações em prol da biodiversidade da Veracel, CMPC, TTG Brasil, Bracell, Melhoramentos, Suzano, Klabin, Eldorado Brasil, Eucatex, Norflor, Irani, TRC, Sylvamo e Gerdau. Vale ressaltar que os esforços de cada companhia não se limitam às ações e aos projetos apresentados de maneira mais detalhada — a própria publicação cita as outras metas para as quais cada empresa contribui diretamente.
“Os maiores desafios da caminhada humana atualmente passam pela crise do clima e da biodiversidade. O setor inova ao lançar o caderno de biodiversidade com cases concretos e que transformam metas em ações. É disso que o mundo precisa”, explica o presidente da Ibá, Paulo Hartung.
“Esse caderno é um marco na trajetória do setor de árvores cultivadas, mostrando que as ações de cuidado com a biodiversidade estão profundamente integradas ao propósito corporativo. O futuro está em jogo, e o tempo para agir é agora”, completa a gerente de Políticas Florestais e Bioeconomia da entidade, Patrícia Machado.
O documento será apresentado durante a COP16 em um evento paralelo organizado pela Ibá em parceria com o PEFC Internacional e o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development). O painel jogará luz sobre projetos inovadores que contribuem para a agenda da biodiversidade, tendo como ponto central o manejo florestal sustentável. Vale destacar também que o setor de árvores cultivadas está presente de forma recorde nesta COP, com representantes de 13 empresas.
“Biodiversidade: um compromisso do setor brasileiro de árvores cultivadas” pode ser acessado clicando aqui.
Sobre a Ibá
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) é a associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, junto a seus principais públicos de interesse. Lançada em abril de 2014, representa 48 empresas e 10 entidades estaduais de produtos originários do cultivo de árvores plantadas – painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel, florestas energéticas e biomassa -, além dos produtores independentes de árvores plantadas e investidores institucionais.