Por Alan Camargo, Engenheiro Ambiental e Engenheiro Agrônomo para o jornal Opinião – Caetê
O plantio de eucalipto é uma grande atividade de nossa região, influenciado diretamente pelo histórico das empresas de fundição da região. É só nos lembrarmos da extinta Ferro Brasileiro, Acesita, Gerdau, empresas que tinham e têm o carvão vegetal como combustível de suas caldeiras.
Existe nessa atividade uma grande dúvida de que essa árvore seca nascentes e prejudica os recursos hídricos, e a resposta pra isso é NÃO, nenhuma base científica comprova essa hipótese, assim como não traz nenhuma recomendação diferente de outras culturas.
A realidade é mais complexa, e o eucalipto, quando manejado adequadamente, não só pode conviver com as nascentes, como também pode ser uma alternativa sustentável para sua preservação, pois aumenta a infiltração de água no solo, além de realizar a proteção física de sua exposição às erosões causadas por chuva e vento.
O eucalipto, como qualquer outra árvore, consome água para crescer. Essa é uma característica comum a todas as espécies vegetais. Estudos recentes mostram que o consumo hídrico do eucalipto é comparável ao de outras espécies de crescimento rápido e que o impacto sobre o solo e a água está diretamente relacionado ao manejo inadequado, e não à espécie em si.
O plantio de qualquer espécie de árvore, sendo ela exótica ou nativa, sem planejamento ou controle, pode, sim, comprometer o solo e os recursos hídricos de uma área, e dessa forma o que ocorria geralmente é que o eucalipto cultivado de maneira intensiva aproveitava-se todo e qualquer canto da propriedade, sem respeitar distâncias mínimas de nascentes e cursos d’água, ou sem sistemas adequados de drenagem e conservação de solo, causando o prejuízo local.
No entanto, essas consequências não são exclusivas do eucalipto e poderiam ocorrer com qualquer outro tipo de monocultura ou exploração mal planejada.
Pesquisas apontam que, em áreas onde o eucalipto é plantado com boas práticas de conservação ambiental – como a manutenção de áreas de preservação permanente (APPs), respeito às faixas de vegetação nativa ao redor de nascentes e cursos d’água, e o plantio em mosaico com espécies nativas -, os impactos sobre a disponibilidade hídrica são minimizados, e os benefícios econômicos e ambientais se somam.
Além disso, o eucalipto possui um ciclo de crescimento rápido se comparado a outras árvores, o que faz com que ele seja uma excelente opção para produção de madeira em áreas degradadas, reduzindo a pressão sobre florestas nativas.
Quando utilizado como parte de um manejo florestal sustentável, o plantio de eucalipto pode gerar renda para pequenos e médios produtores sem comprometer os recursos naturais da região.
É crucial que o debate sobre o eucalipto e suas supostas consequências ambientais seja baseado em dados científicos e nas boas práticas de manejo, trazendo inclusive o âmbito comercial dessa produção, visto que a produção florestal apresenta um retorno para o produtor e região um pouco mais demorada.
O problema não está na espécie, mas na forma como ela é manejada. O plantio de eucalipto pode conviver pacificamente com a preservação de nascentes, desde que seja realizado com responsabilidade ambiental, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das áreas rurais sem prejuízos ao meio ambiente.