A edição de 2024 da feira Espírito Madeira-Design de Origem se consolidou como um marco no setor de madeira e design no Brasil.
O evento, de 07 a 09 de novembro, em Venda Nova do Imigrante (ES), atraiu público estimado em 7.000 visitantes, movimentando cerca de R$ 27 milhões em negócios, com a participação de cem empresas e representações de 12 Estados brasileiros, entre eles Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Pernambuco. A terceira edição já está confirmada para 2025.
A Espírito Madeira é organizada pelo Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau (MCC&VB) e Interação, apoio da Prefeitura de Venda Nova do Imigrante e apoio institucional de Aderes, Senar-ES, Governo do Estado, Faes/Senar/Sindicatos, Findes/Sesi/Senai, FNBF, Cipem, Sebrae, Destinejá, Acomac, VP Madeiras. Durante três dias, o evento reuniu palestras, paineis, workshops, rodadas de negócios, feira expositiva, Olimpíadas da Madeira, shows musicais e dia de campo conectando toda a cadeia produtiva, da floresta comercial ao alto design.
A ocupação da rede hoteleira da região chegou a 80% e o turismo local registrou um aumento de 50% no fluxo de visitantes durante a programação, no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman, o “Polentão”, principal parque de exposições da “Capital Nacional do Agroturismo”.
Paula Maciel, uma das idealizadoras, celebra o sucesso da segunda edição da Feira.
“Esta edição da Espírito Madeira foi um marco para o setor de madeira e móveis nacional. Tivemos visitantes de diversos Estados e até internacionais que vieram em busca de inovações em máquinas florestais”, comentou Paula, reforçando a importância de integrar o turismo nas Montanhas Capixabas ao desenvolvimento da cadeia produtiva. Ela revelou ainda a confirmação de uma nova edição em 2025, já planejada para o segundo semestre, prometendo ainda mais inovações e parcerias.
Outro entusiasta do evento, Antonio Nicola Brazolino, também um dos organizadores, expressa entusiasmo com os resultados e o potencial futuro.
“Tenho certeza de que o Brasil inteiro se rendeu à celebração das conexões da cadeia florestal ao alto design”, afirma, ressaltando que a Feira desperta no público o desejo por informação e capacitação. Segundo ele, a Espírito Madeira proporciona o encontro ideal entre o conhecimento e a prática, especialmente para aqueles que já empreendem no setor. Um dos destaques mencionados foi o encontro entre marceneiros da Bahia e representantes do Observatório da Indústria da Findes, que trocaram experiências e dados importantes sobre o uso de resíduos de madeira.
A Espírito Madeira foi também espaço de descoberta e troca para visitantes como Marina Dias, arquiteta de Alto Jequitibá (MG), que destacou a importância do evento para a valorização da madeira local.
“Acho que é um evento importante para a região, porque geralmente só encontramos parecidos na capital. Interessante ter eventos assim perto da gente, para vermos novas tecnologias, reforçar a qualidade do material madeira, que é abundante no estado”, comentou. Diego Ricardo Vieira, da DRV, de Curitiba, que atende clientes importantes no Espírito Santo, expressou sua satisfação em visitar a Feira pela primeira vez. “Está gostoso ver os estandes, o povo bem receptivo e acredito que estaremos aqui na próxima edição”.
O presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), Frank Almeida, destacou o Espírito Santo como um importante mercado para a madeira nativa e elogiou a receptividade local.
“O Espírito Santo é um cliente carinhoso, que usa muita madeira nas obras. A Feira é sempre um bom momento para rever clientes e prospectar novos negócios”, disse. De forma similar, Ednei Blasius, presidente do Centro de Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), enfatizou a relação comercial entre Mato Grosso e Espírito Santo. “O Espírito Santo compra muita madeira dos produtores do Mato Grosso. É importante criarmos esse diálogo para mostrarmos toda a procedência e qualidade da nossa madeira sustentável”, afirmou.
Além dos negócios, o evento também proporcionou uma experiência cultural enriquecedora, com a distribuição de 100 casacas, símbolo da musicalidade e tradição capixabas, e a inclusão de expositores que trouxeram peças únicas, como a mostra “Espírito Vintage”, com ferramentas antigas, e a exposição “Expo Wood”, com peças de design inovador.
O empresário alemão Robert Wolf Hugo, que mora na Bahia, participou da oficina de casaca promovida pelo Instituto “Nós Mulheres”. “Fiquei sabendo da Feira no ano passado e soube que este ano iria aumentar muito a qualidade de expositores e de interessados, por isso vim”, explicou.
Com um aumento expressivo no número de empresas do setor de madeira no Espírito Santo — passando de 726 para mais de mil entre 2022 e 2023 —, a Espírito Madeira reflete um crescimento notável que já sustenta cerca de 14 mil empregos no estado, de acordo com dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Segundo João Carlos Dordetti Heringer, da Florestal Heringer, “é fundamental fomentar a parte florestal, aproveitando o potencial do estado, que está bem posicionado tanto para exportação quanto para o mercado interno”.
A Espírito Madeira 2024 cumpriu seu papel ao reforçar a sustentabilidade e o desenvolvimento do setor florestal, com um grande potencial de continuidade para as próximas edições. Com mais empresas interessadas, oportunidades para pequenos e grandes negócios, e uma programação que atrai público de várias partes do Brasil, o evento projeta o Espírito Santo como um centro de referência para o design e a madeira, evidenciando o poder de iniciativas que unem cultura, tradição e inovação em benefício da economia local e nacional.
A presença de empresas que apostaram em demonstrações práticas foi um dos destaques. Eduardo Rechemberg, da Alca Máquinas, ressaltou a importância de levar tecnologia acessível a todos os perfis de marceneiros.
“Trouxemos as máquinas fazendo trabalhos reais em tempo real para mostrar para o pequeno, médio e grande marceneiro as atualizações que existem no mercado e que eles podem estar adquirindo”, explicou. Essa abordagem interativa foi muito elogiada pelos visitantes, que puderam ver de perto as soluções mais modernas para o setor de marcenaria e madeira.
Para muitos participantes, a Feira também foi um espaço de aprendizado e conscientização. Giselda Pignaton, consultora administrativa de Vila Velha, destacou a relevância das palestras sobre mudanças climáticas e uso sustentável da madeira.
“Assisti palestras sobre as questões climáticas e a conscientização sobre o clima, o uso da madeira e a importância da responsabilidade da extração desse material. Acho que este tipo de evento tem que ser mais estimulado para as gerações atuais se conscientizarem”, afirmou.
Já Carlos Eduardo Duff, morador de Domingos Martins, enfatizou o crescimento e a riqueza do evento. “Achei o evento muito bacana, tem muita informação, se aprende muita coisa, e ainda tem a parte dos artesãos e design. Cresceu muito do ano passado para 2024. Madeira é uma coisa muito rica. Temos que valorizar!”.
Fonte: Forest News