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Excesso de madeira e crise imobiliária na China pressionam mercado de celulose

Após um período de intensa correção nos preços da celulose de fibra curta na China, o mercado sinaliza estabilidade para os próximos meses. No entanto, novas preocupações emergem com o excesso de madeira no país, resultado da crise no setor imobiliário, e seu possível impacto na demanda pela matéria-prima.

A crise imobiliária chinesa, iniciada em 2021, foi agravada por restrições governamentais a empréstimos e excesso de oferta de imóveis, levando à queda de preços e ao encolhimento dos investimentos. Com a desaceleração na construção civil, a demanda por madeira recuou drasticamente, provocando um acúmulo de estoques e afetando a indústria madeireira local.

Para os exportadores brasileiros, o cenário levanta alarmes. “Talvez haja uma mudança na estrutura dessa indústria na China, com o país produzindo um pouco mais da celulose que necessita, em vez de comprar do mercado”, observou Daniel Sasson, analista do Itaú BBA.

Consultorias projetam a adição de 10 milhões de toneladas de celulose ao mercado global entre 2024 e 2025, grande parte integrada à produção local de papel na China. Atualmente, o país importa cerca de 20 milhões de toneladas de celulose por ano, sendo o maior comprador mundial. No entanto, a demanda segue restrita, com pedidos de celulose estabilizados, segundo relatório de Sasson após a London Pulp Week.

Um possível ponto de inflexão no mercado está previsto para o período pós-Ano Novo Chinês, em fevereiro de 2025. “Espera-se que um movimento mais significativo de reposição de estoques ocorra após essa data”, afirma Sasson.

Desde o pico de US$ 740 por tonelada em julho, os preços da celulose de fibra curta sofreram ajustes, alcançando cerca de US$ 550 em novembro e dezembro, reflexo da oferta adicional no mercado global, como a nova fábrica em Ribas do Rio Pardo (MS). Analistas do Santander avaliam que os preços devem se manter estáveis até o final de 2024, com expectativa de melhora em 2025.

“Ajustes importantes na oferta, como paradas programadas para manutenção e mudanças no volume voltado para a celulose solúvel (300 mil toneladas da Bracell por três a quatro meses), são esperados para ajudar a equilibrar a oferta proveniente da e de empresas chinesas”, disse o analista Yuri Pereira, em relatório.

O “spread” entre as fibras longa e curta, atualmente em US$ 216 por tonelada, incentiva a migração para a fibra curta, embora o espaço para essa substituição seja limitado devido às diferenças técnicas entre os materiais. Ainda assim, avanços tecnológicos têm ampliado a aplicabilidade da fibra curta em novos produtos.

Fonte: Portal Celulose / Valor Econômico

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