Os detalhes e oportunidades para os exportadores brasileiros no mercado uruguaio são foco do estudo publicado pelo Projeto Brazilian Furniture
Embora seja o segundo menor país da América do Sul, o Uruguai tem se mostrado um mercado estratégico para as exportações brasileiras de móveis e colchões. Em 2023, o Brasil consolidou sua posição como principal fornecedor para o mercado uruguaio, representando 56,3% das importações do setor no país vizinho. Isso equivale a 10,9% do total exportado pela indústria de móveis nacional, com o Uruguai ficando atrás apenas dos Estados Unidos (31,9% de participação). Esse desempenho reflete não apenas a proximidade geográfica, mas também a competitividade e o alinhamento dos produtos brasileiros às demandas uruguaias.
Os indicadores e projeções fazem parte do “Estudo de Oportunidades para o Exportador Brasileiro de Móveis e Colchões – País-alvo: Uruguai”. O estudo é desenvolvido com exclusividade para as empresas associadas ao Projeto Setorial Brazilian Furniture – iniciativa da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) – pelo IEMI, empresa de pesquisa de mercado.
Uruguai é o segundo maior destino das exportações brasileiras de móveis e colchões
Com uma economia em ascensão, o Uruguai registrou crescimento de 10% em 2023, impulsionado pela retomada das exportações agrícolas e pela elevação do consumo privado. O consumo interno de móveis alcançou US$ 255 milhões no ano passado, um aumento de 8,5% em relação a 2022 e de 13,4% frente a 2019, consolidando a alta demanda por importações.
As importações totais do setor somaram US$ 142 milhões, das quais mais da metade foi suprida pelo Brasil. Em termos de categorias, os móveis lideraram as importações com 52,9% de participação, seguidos por assentos (35,9%) e colchões/suportes (11,2%).
Vantagens competitivas para exportadores brasileiros no Uruguai
O Brasil não apenas lidera no mercado uruguaio, mas também oferece os menores preços médios entre os principais fornecedores. Além disso, a proximidade geográfica e o Acordo de Livre Comércio no âmbito do Mercosul, que elimina tarifas aduaneiras entre os países membros, fortalecem ainda mais a competitividade brasileira.
Entre 2019 e 2023, as exportações brasileiras para o Uruguai cresceram 60,3% em receita, alcançando US$ 80,1 milhões. O volume exportado também avançou, passando de 32,4 mil toneladas para 38,5 mil toneladas, um aumento de 18,9% no período.
Proximidade e estrutura logística
Devido a sua concentração geográfica, o sistema de transporte terrestre no Uruguai é constituído basicamente por redes rodoviárias, sendo que 77 mil quilômetros são rodovias, e 1,6 mil quilômetros de ferrovias. Fator que pode ser especialmente interessante para fornecedores brasileiros, que podem atender com agilidade às necessidades da região, respondendo também às especificidades logísticas.
Em relação à infraestrutura aeroportuária, o Aeroporto Internacional de Carrasco, localizado em Montevidéu, é o principal. Curiosidade: único Aeroporto Livre da América Latina. Ao falar de aeroportos livres se faz referência ao espaço aduaneiro aeroportuário no qual rege um regime fiscal e aduaneiro especial, incluindo a livre circulação de mercadorias, sem exigência de autorizações nem trâmites formais.
É possível crescer mais?
Embora o Brasil já tenha atingido níveis históricos de exportação para o Uruguai, o mercado ainda apresenta grande potencial de expansão. Projeções do IEMI para o Projeto Brazilian Furniture indicam que as exportações brasileiras para o Uruguai podem chegar a US$ 90,4 milhões no curto e médio prazos (3 a 5 anos).
Produtos de maior valor agregado, como móveis multifuncionais e de design exclusivo, são destaques potenciais. Entre 2019 e 2023, os assentos de rattan e vime registraram crescimento expressivo de 257,2%, enquanto assentos transformáveis em camas avançaram 157,3%.
Perspectivas e oportunidades para o futuro
De acordo com as expectativas do mercado, a economia uruguaia deve continuar em expansão em 2024, impulsionada pela recuperação agrícola e pelo aumento do consumo privado. No entanto, riscos como a instabilidade econômica na Argentina podem impactar o cenário.
Ainda assim, com base em dados históricos e na forte relação comercial entre os dois países, o Uruguai se mantém como um mercado prioritário para a indústria moveleira brasileira. O alinhamento estratégico com as demandas locais, a ampliação do mix de produtos e a aposta em design e inovação serão fundamentais para continuar expandindo a presença brasileira neste mercado.
Exportações de móveis e colchões: acumulado do ano é positivo; o que esperar para 2025?
Após um crescimento expressivo de 7,9% em setembro, as exportações brasileiras de móveis e colchões experimentaram leve retração de 1,1% no mês seguinte. O movimento, contudo, foi superior ao registrado no mesmo período do ano passado, elevando o crescimento acumulado entre janeiro e outubro de 2024 para +1,4%. O mesmo avanço foi observado na variação acumulada dos últimos 12 meses.
Os indicadores refletem uma movimentação de US$ 613,6 milhões (FOB) em vendas ao exterior nos dez primeiros meses do ano, reforçando o papel estratégico do mercado externo para o setor moveleiro nacional.
As informações são apresentadas pela ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), a partir de levantamento realizado pelo IEMI com exclusividade para o Projeto Setorial Brazilian Furniture, idealizado em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
O crescimento, por outro lado, também demonstra mudanças no cenário.
Entre os principais destinos, os Estados Unidos mantiveram-se como o maior país consumidor de mobiliário brasileiro no exterior, representando 29,3% das exportações totais do período, com um total de US$ 179,6 milhões. Tal participação, contudo, é relativamente inferior à média dos últimos anos.
Por outro lado, países como Uruguai e Chile, com participações de 10,6% e 7,3%, respectivamente, vêm despontando no ranking de destinos dos móveis e colchões brasileiros. Validando, assim, uma dinâmica consistente e estratégica para o posicionamento da indústria brasileira – que é a maior da América Latina – no abastecimento das demandas da região.
Outro mercado relevante e em foco é o continente europeu, região que oferece uma diversidade de economias e oportunidades, que podem ganhar um impulso adicional com a consolidação do Acordo entre a União Europeia e o Mercosul. A iniciativa, que teve seu texto finalmente definido e finalizado entre as partes após 25 anos de negociações, passará agora pelo processo de preparação para sua assinatura. Se concluído poderá constituir o maior acordo comercial já realizado pelo bloco sul-americano e uma das maiores áreas de livre comércio bilaterais do mundo.
A ABIMÓVEL, porém, aguarda a divulgação do texto final para compreensão dos impactos sobre o mercado de móveis. Veja mais detalhes aqui.
Perspectivas 2025: exportações brasileiras de móveis e colchões
Com a manutenção do superávit comercial e o crescimento acumulado até outubro, as projeções para o setor de móveis e colchões indicam um fechamento de 2024 com crescimento tímido, mas favorável nas exportações, ressaltando novas oportunidades que despontam no mercado internacional em 2025.
Nesse contexto, a ABIMÓVEL enfatiza a necessidade da diversificação do mix de produtos e dos mercados-alvo, investindo-se em design, sustentabilidade e em brasilidade como diferenciais competitivos para responder e superar desafios como a competitividade internacional, flutuações na demanda externa e barreiras comerciais impostas por alguns países.
Entre as ações em andamento para projetar o mobiliário brasileiro no exterior, o Prêmio Design da Movelaria Nacional, organizado pela entidade moveleira com apoio da ApexBrasil e do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), está com inscrições abertas até 11 de fevereiro de 2025 pelo site: mkt.abimovel.com/premiodesign.
A premiação convida designers, arquitetos, estudantes e indústrias de móveis a inscreverem criações inovadoras em sete categorias. Peças selecionadas serão apresentadas em importantes eventos no Brasil e no exterior, como o Congresso Nacional Moveleiro 2025, em Curitiba (PR), e as grandes vencedoras serão também expostas no Salão do Móvel de Milão 2026, na Itália.
Projeto Brazilian Furniture
O Projeto Setorial Brazilian Furniture é uma iniciativa da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que tem por objetivo incrementar a participação da indústria brasileira no mercado internacional por meio de um conjunto de ações estratégicas, tendo como base os pilares da sustentabilidade, da competitividade e do design integrado à indústria. Atualmente, cerca de 175 empresas participam do projeto.
Em 2023, a indústria brasileira de móveis foi a sexta maior produtora e a 28ª maior exportadora do mundo, alcançando receita de US$ 830,7 milhões em produtos prontos comercializados para cerca de 180 países.
Para fazer parte do projeto e colocar sua marca nos maiores eventos do setor moveleiro ao redor do mundo, acesse: brazilianfurniture.org.br.
Sobre a ABIMÓVEL
A ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) tem atuado há mais de 45 anos em prol do fortalecimento da indústria e do setor moveleiro nacional. Com uma agenda propositiva e em parceria com o setor público e privado, a entidade trabalha para impulsionar a produção e melhorar o ambiente de negócios no Brasil. Proporcionando, assim, a criação de oportunidades e a abertura de novos mercados para empresas de toda a cadeia madeira e móvel ao colocar em prática diversas iniciativas voltadas para o fomento da competitividade e da inovação no setor. Incluindo programas de exportação, sustentabilidade, design integrado à indústria, adequação fabril, incremento aos micro e pequenos negócios, inteligência comercial, entre outros.
Sobre a ApexBrasil
A ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Para alcançar os objetivos, a agência realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira entre outras plataformas de negócios que também têm por objetivo fortalecer a marca Brasil. A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do país.