A silvicultura, ciência dedicada ao estudo e manejo das florestas, está distribuída pelas cinco regiões do país. Conforme a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), foram registrados 10,2 milhões de hectares de área cultivada em 2023, número 3% maior que em 2022. De longe, o destaque é o eucalipto.
A árvore nativa da Oceania e cultivada em todo o mundo por ser de crescimento rápido, inclusive no Brasil, domina 76% do total plantado no território nacional, com 7,8 milhões de hectares.
O pinus, mesmo em número bem inferior à primeira espécie, também se sobressai na silvicultura brasileira. São 19% do total ou 1,9 milhão de hectares. O restante é dividido entre acácia, teca, seringueira e araucária, aponta o relatório anual da IBÁ.
Entre os Estados que mais priorizam o plantio de florestas atualmente, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina lideram o ranking nacional, somando 69%.
Silvicultura no Brasil (área em hectares)
Estado | Eucalipto | Pinus | Outros | Total |
MG | 2200351 | 34211 | 27769 | 2262331 |
MS | 1329132 | 3733 | 22580 | 1355445 |
SP | 997543 | 153837 | 130259 | 1280853 |
PR | 438721 | 710837 | 10393 | 1159951 |
SC | 326134 | 719199 | 4993 | 1050326 |
Fonte: Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)
Em um recorte estadual, Edilson Batista de Oliveira, pesquisador da Empresa Florestas, detalha quais municípios têm presença forte na silvicultura brasileira:
- Paraná: é destaque na produção florestal de madeira de tora e lenha, principalmente, em General Carneiro, Telêmaco Borba e Cruz Machado.
- Minas Gerais: as cidades de João Pinheiro, Buritizeiro e Itamarandiba possuem área significativa de florestas plantadas.
- Mato Grosso do Sul: com uma participação crescente na silvicultura, especialmente na produção de celulose, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo têm grande relevância.
- São Paulo: no Estado mais populoso do Brasil, Itararé se destaca tanto no plantio de eucalipto quanto de pinus.
- Rio Grande do Sul: Encruzilhada do Sul concentra plantios de eucalipto e pinus e ainda contribui para os bons números do Estado gaúcho na área de florestas plantadas.
- Bahia: Caravelas, no Sul do Estado do Nordeste, possui uma área significativa de eucalipto plantado.
- Espírito Santo: estado com alta produção florestal tem em São Mateus um dos municípios mais relevantes.
Mais curiosidades sobre a silvicultura
- O Brasil lidera a exportação da celulose e é o segundo maior produtor do mundo, atrás somente dos Estados Unidos;
- A maioria dos plantios de floresta no Brasil pertence a produtores independentes, seguido por empresas de papel e celulose;
- O plantio de eucalipto está concentrado no Sudeste, com destaque para Minas Gerais, que tem 63% da área total da região;
- A região Sul lidera os números de plantações de pinus sobre as demais por causa das condições climáticas que favorecem o cultivo da árvore. São 89% da área total do Brasil;
- China e Europa são os principais destinos internacionais para a venda da celulose brasileira;
- O Brasil registrou crescimento de 41% no plantio de eucalipto nos últimos 10 anos;
- Ceará, Amazonas, Acre, Paraíba e Rio Grande do Norte são os Estados com as menores áreas plantadas de eucalipto e pinus;
- A madeira é utilizada em quase cinco mil bioprodutos do dia a dia;
- A indústria brasileira de árvores cultivadas tem um comércio internacional de US$ 12,7 bilhões;
- O mesmo setor planta 1,8 milhão de árvores por dia em áreas previamente degradadas.
*As informações constam no relatório anual da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).
A silvicultura é um setor de crescente importância econômica no Brasil. A quem deseja seguir a profissão, uma das perguntas que surge é sobre a renda obtida com a atividade. E a resposta, de acordo com Erwin Hugo Ressel Filho, engenheiro florestal e professor na Universidade de Blumenau (FURB), depende de alguns fatores, como a região escolhida, a formação e os níveis de atuação. Todos têm uma parcela direta na remuneração final.
“Em grandes empresas, os valores pagos costumam ser mais altos, especialmente para funções técnicas e de gestão. Já nas cooperativas ou serviços públicos, eles tendem a ser mais baixos, mas com uma maior estabilidade. Além disso, profissionais com formação técnica têm remuneração superior aos auxiliares ou operários sem a qualificação específica da área”, destaca.
Na parte técnica, o curso que forma profissionais aptos para o mercado de trabalho, explica o professor Erwin Ressel, tem carga horária de 1,2 mil a 1,8 mil horas e duração de 18 a 24 meses. A outra possibilidade, o curso de tecnólogo, possui carga horária de 2,4 mil horas. Ele é mais longo que o técnico e mais curto que o bacharelado.
No caso do engenheiro florestal, considerado o profissional central da silvicultura porque tem a função de planejar, executar e supervisionar o manejo nas florestas nas ações que vão do plantio até a colheita, o salário pode variar entre R$ 6 mil e R$ 12 mil, completa o especialista ouvido pela Globo Rural.
Como se tornar um silvicultor?
Com o objetivo de cuidar e organizar o ciclo de vida das florestas brasileiras, sejam elas nativas ou plantadas, o silvicultor deve, antes de tudo, buscar conhecimento. Veja as possibilidades abaixo:
- Curso técnico (nível médio)
Prepara o profissional para atuar em diversas áreas ao abordar informações de biologia, manejo florestal, legislação, segurança do trabalho, aspectos ambientais e gestão.
- Curso tecnólogo (nível superior)
Apresenta foco gerencial e de planejamento ao se aprofundar em informações teóricas e práticas a partir de disciplinas como ecologia florestal, economia florestal e melhoramento genético florestal.
- Curso de engenharia florestal (nível superior)
Mais estratégico que as opções acima, estuda assuntos diversos. Entre eles, ciências do solo, botânica, manejo florestal, proteção florestal, propriedades da madeira, hidrologia e meio ambiente.
Quanto tempo dura o curso de silvicultura?
Na parte técnica, o curso que forma profissionais aptos para o mercado de trabalho, explica o professor Erwin Ressel, tem carga horária de 1,2 mil a 1,8 mil horas e duração de 18 a 24 meses.
Quanto ganha um silvicultor?
Nível de Experiência | Salário Mensal |
Auxiliar ou iniciante | R$ 1.500 a R$ 2.500 |
Técnico com experiência | R$ 2.500 a R$ 4.500 |
Silvicultor pleno ou sênior | R$ 4.500 a R$ 7.000 |
Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – 2024
A outra possibilidade, o curso de tecnólogo, possui carga horária de 2,4 mil horas. Ele é mais longo que o técnico e mais curto que o bacharelado. O mais completo é a faculdade de engenharia florestal. Após cinco anos de estudo e 3,6 mil horas, o estudante é registrado e tem as atribuições vinculadas ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.
Quem trabalha com a silvicultura?
A engenharia florestal é a profissão central da silvicultura, mas não a única. Outras atuam no mesmo campo e abrangem funções de planejamento, manejo das florestas, pesquisa e até indústria, afirma Edilson Batista de Oliveira, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Florestas). Abaixo, o especialista detalha a relação de cada profissão com a silvicultura:
- Técnico florestal e/ou em silvicultura: atua no apoio ao engenheiro florestal realizando atividades práticas no campo, como plantio, desbaste, poda, monitoramento de pragas e doenças e coleta de dados.
- Biólogo e ecólogo: contribui estudando a biodiversidade dos ecossistemas florestais, avaliando o impacto das atividades silviculturais e desenvolvendo estratégias de conservação.
- Engenheiro-agrônomo: pode atuar, especialmente, em sistemas agroflorestais ou na interface com a produção agrícola.
- Geógrafo e cartógrafo: trabalha com mapeamento e análise espacial auxiliando no planejamento do uso da terra para fins florestais, identificação de áreas degradadas e monitoramento das florestas.
- Cientista do solo: estuda as características do solo para otimizar o plantio e o desenvolvimento das árvores, além de garantir a nutrição adequada e a saúde do ecossistema.
- Pesquisador florestal: atua em instituições de pesquisa desenvolvendo novas tecnologias, técnicas de manejo e estudos sobre melhoramento genético de espécies florestais.
- Operador de máquinas florestais: profissional responsável pela operação de equipamentos utilizados na silvicultura, como máquinas de plantio, colheitadeiras e tratores.
- Analista ambiental: avalia e monitora o cumprimento das leis ambientais nas atividades silviculturais em empresas e órgãos públicos.
- Consultor florestal: oferece serviços especializados em planejamento e gestão florestal para empresas e proprietários rurais.
- Trabalhador florestal e/ou de silvicultura: realiza tarefas manuais e operacionais no campo, como plantio de mudas, capina e desbaste.
Foto: Wenderson Araujo/CNA
Fonte: Globo Rural