A AGEFLOR – Associação Gaúcha de Empresas Florestais, ao completar 46 anos de existência no dia 22 de setembro, lança relatório sobre A Indústria de Base Florestal no RS- 2016, com dados do ano-base 2015. Esta é a segunda edição do relatório que contém dados sobre toda a cadeia produtiva de base florestal no RS.
Abrangendo uma área de florestas plantadas de 593,15 mil ha, sendo 309 mil ha de eucalipto, 185 mil ha de pinus e 100 mil ha de acácia negra, o setor representa 2% da área total do Estado. O RS responde por 8% da área total de florestas plantadas do País (7,8 milhões de ha).
No RS há 2.300 empresas que integram a cadeia produtiva de base florestal, sendo as maiores uma indústria de celulose, quatro de papel, três de painéis reconstituídos, três de processamento de cavacos, duas de extração de tanino e várias serrarias e indústrias de móveis distribuídas em onze pólos moveleiros e dez pólos de serrarias. 95% das empresas são do segmento móveis de madeira, localizadas nos pólos moveleiros de Bento Gonçalves e de Lagoa Vermelha.
O consumo de madeira in natura, proveniente de florestas plantadas no RS totalizou 20 milhões de m³ em 2015, sendo 6,3% para produção de celulose e papel, 2,92% para painéis reconstituídos, 1,68% para serrados, 1,55% para cavacos de madeira, 0,36% para madeira tratada e 7,2% para energia. A acácia está vinculada ao mercado de cavacos para exportação e geração de energia, o pinus está equilibrado entre a indústria de painéis e de serrados e o eucalipto é atrelado à produção de celulose e energia.
Em 2015 o RS atingiu a marca de produção de 1,75 milhões de toneladas de celulose, sendo responsável por 10% da produção nacional, graças à expansão da CMPC – Celulose Riograndense, que quadriplicou a produção. Produziu 200 mil ton de papel, representando apenas 2% da produção nacional.
Quanto a painéis reconstituídos, apesar de leve queda, foram produzidos no RS 1,54 milhões de m³, destacando o estado com 21% da produção nacional. Também houve queda na produção de serrados devido à crise no consumo doméstico e desaceleração do setor de construção civil. Foram produzidos em 2015 560 mil m³ de madeira serrada, totalizando 6% da produção nacional.
O RS tem destaque na produção nacional de cavacos, representando 60% da produção total do país, com 900 mil toneladas do produto em 2015. Já a produção de carvão vegetal em 2015 foi de 144 mil toneladas, apenas 2% da produção nacional, enquanto foram produzidas 2.950 mil ton de pellets, equivalentes a 5% da produção nacional.
No Brasil, a lenha responde por 20% da oferta bruta de fontes primárias de energia renovável, enquanto no RS esta proporção chega a 31%, com um consumo de lenha de 7,2 milhões de m³, sendo 72% de lenha de eucalipto, 2% de pinus e 20% de acácia. O segmento agropecuário é o maior consumidor de lenha, seguido do residencial, do industrial e do comercial.
Dos produtos florestais não madeireiros, os taninos extraídos da casca de acácia-negra são largamente utilizados na indústria coureira e na produção de adesivos e floculantes para tratamento de efluentes. A produção de casca está concentrada no RS, que representa 100% da produção do País. Em 2015 foram produzidas 200 mil ton de casca no RS, principalmente na região do Vale do Caí.
Já a resina é obtida do pinus, sendo coletada de árvores vivas em processo semelhante à extração do látex da borracha. No RS a espécie mais utilizada é o Pinus elliottii, mais cultivado na região do litoral. A resina é composta por breu e terebintina. O breu pode ser utilizado na fabricação de tintas, vernizes, colas, adesivos, esmaltes, borracha sintética, isolantes térmicos,etc. A terebintina é utilizada na indústria química e farmacêutica, em produtos de limpeza, desinfetantes, inseticidas, fixadores de perfume, desodorantes.
O RS é o 2º maior produtor de resina do País, produzindo 20,9 mil ton de resina em 2015, em uma área plantada de pinus de 15 mil há. As exportações de breu e terebintina somaram 22 milhões de dólares para o breu e 5 milhões de dólares para a terebintina, sendo os maiores importadores de breu, Portugal e Espanha e de terebintina a Índia e o Japão.
ERVA-MATE
A erva-mate é a principal cultura florestal nativa do sul do Brasil. A cadeia produtiva da erva-mate gera 700 mil empregos, envolvendo mais de 725 empresas beneficiadoras, que produzem 355 mil ton de erva-mate por ano, sendo alternativa de renda para 180 mil produtores familiares no sul do Brasil. No RS a cadeia produtiva é típica da pequena propriedade familiar, com mais de 250 indústrias e baseada em plantios de 30.000 há, que abrangem 13.000 propriedades. O RS é o maior produtor nacional da folha verde de erva-mate, com 280 mil ton produzidas em 2015. Neste ano, foram exportados mais de 80 milhões de dólares, o equivalente a 80% das exportações brasileiras, sendo o principal destino o Uruguai.
IMPORTÂNCIA DO SETOR PARA O RS
– O PIB do setor florestal gaúcho foi de R$ 13,7 bilhões em 2015, o que representa 4% do PIB do RS
– O setor de base florestal arrecadou R$ 1,8 bilhões em tributos no ano de 2015.
– A indústria de base florestal no RS prevê investimentos de cerca de R$ 4 bilhões para o período de 2015-2020.
– As exportações do setor de base florestal atingiram em 2015, 631 milhões de dólares, atingindo 4% dos 17,5 bilhões comercializados no Estado em 2015.
– Estima-se que o número de empregos mantidos pelo setor florestal em 2015 seja de 210 mil, dos quais 35 mil são empregos diretos, 63 mil indiretos e 111 mil resultantes do efeito renda. O salário médio dos trabalhadores do setor florestal é de R$1.267,00/mês, valor 13% superior ao salário médio pago aos trabalhadores do setor agropecuário (R$ 1.126,00).
– O Índice de Desenvolvimento Sócio-Econômico monitorado pela FEE entre 2007 e 2013 avançou em municípios com destaque na atividade florestal maior do que o crescimento médio dos municípios gaúchos, que foi de 0,05 pontos. Destacaram-se com maior crescimento: Bento Gonçalves, Guaíba e Cachoeira do Sul.
– Na proteção de habitats naturais, o setor florestal contribui significativamente para a preservação de áreas naturais e a recuperação de áreas degradadas no RS. As empresas do setor mantém mais de 525 mil hectares de áreas protegidas na forma de Reserva Legal, Áreas de Preservação Permanente e Reservas Particulares de Patrimônio Natural, além das áreas de Alto Valor para a Conservação nas unidades de manejo de empresas com certificação. Do total de 1,1 milhões de há de áreas protegidas no RS, 50,5% são unidades de conservação e 49,5% são áreas protegidas pelo setor de base florestal.
DESAFIOS
No relatório estão colocados os desafios e perspectivas para o RS, como a necessidade de segurança jurídica para o setor florestal. Para isto foi entregue ao Governador e já enviado à Assembleia Legislativa o PL 145/ 2016 que estabelece normas claras para as florestas plantadas.
Outro ponto é a desmistificação da silvicultura como atividade poluidora, com base em trabalho técnico-científico elaborado pela Embrapa Florestas, em que o setor florestal busca, em âmbito nacional, reclassificar a silvicultura quanto ao potencial poluidor. O setor busca discutir em âmbito estadual novo regramento para a classificação de espécies florestais que hoje se encontram em lista de espécies exóticas invasoras do Estado e estabelecendo procedimentos de rigoroso controle para os plantios, uma vez que estão presentes no estado há mais de 100 anos e constituem importante cadeia produtiva.
A política florestal do Estado, no que diz respeito às florestas plantadas necessita urgentemente de alinhamento com o que ocorre em âmbito nacional, como o Plano Nacional de Desenvolvimento das Florestas Plantadas e o Plano ABC, bem como em relação aos mecanismos de prevenção e controle de doenças e pragas florestais.
PERSPECTIVAS
Diante das tendências mundiais em relação ao consumo crescente de madeira serrada, MDF, aumento da participação das madeiras originadas de plantios no consumo (em movimento oposto ao que ocorre com as florestas nativas) e aumento da demanda por produtos oriundos de fontes renováveis como a floresta, o Rio Grande do Sul se destaca como uma das regiões mais promissoras do hemisfério sul para a atividade florestal.
O RS possui vocação florestal graças às suas condições edafoclimáticas, disponibilidade de terras e avançada tecnologia florestal. O setor florestal gaúcho acredita que superados os desafios, o Rio Grande do Sul tem condições de se tornar um grande pólo florestal, ficando aparelhado para exercer a política florestal de forma segura e com bases legais definidas, atraindo novos investimentos e fortalecendo a cadeia produtiva existente.
AGEFLOR
A AGEFLOR – Associação Gaúcha de Empresas Florestais congrega 37 empresas que atuam nos diversos segmentos da cadeia produtiva de base florestal, entre elas a CMPC – Celulose Riograndense, a Fibraplac, a Stora Enso, a Celulose Irani, a Trevo Florestal, a Tanac e a Seta, entre outras. Fundada em 22 de setembro de 1970, atua em prol do desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva de base florestal gaúcha, através da representação institucional de suas empresas associadas estabelecendo relações com os poderes públicos e a sociedade, no âmbito municipal, estadual e federal.