Ageflor – Associação Gaúcha de Empresas Florestais

Apenados transformam madeira em esperança para famílias em vulnerabilidade

Desde setembro de 2024, o Presídio Estadual de Canela tem sido palco de uma iniciativa que une ressocialização e solidariedade. Apenados da unidade estão produzindo móveis de madeira, como beliches, berços, camas, armários, mesas e cadeiras, destinados a auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade social.

O projeto começou com a doação de insumos pelo Sindimadeira RS, garantindo que o material fosse revertido em benefício da população. Além de estimular o trabalho prisional, a ação busca oferecer apoio a famílias em dificuldades, especialmente em momentos críticos.

Com as enchentes de maio de 2024, o presídio intensificou a produção de itens necessários para o restabelecimento de famílias afetadas, dando continuidade a uma iniciativa já promovida durante a enchente de 2023.

A fabricação de móveis não apenas atende às necessidades da população, mas também contribui para a ressocialização dos apenados, que aprendem um ofício e colaboram com a sociedade. A ação é um exemplo de como o trabalho prisional pode ser transformador, tanto para quem o realiza quanto para quem recebe o auxílio. 

Cerca de dois mil itens de madeira fabricados com mão de obra prisional são doados para atingidos pelas enchentes

Em 18 unidades prisionais do Estado, são produzidos itens em oficinas de marcenaria para pessoas atingidas pelas enchentes. Até o momento, já foram confeccionados 216 móveis, como berços, camas e armários, 287 casinhas para cachorros e cerca de 1,5 mil rodos de madeira, ferramenta que facilita a limpeza de locais com grande concentração de lama.

O vice-governador Gabriel Souza, coordenador do projeto dos Centros Humanitários de Acolhimento, destaca que o governo do Estado, em parceria com as prefeituras e organizações como o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, trabalha para dar mais dignidade e conforto às famílias que perderam suas casas e aguardam novas moradias definitivas. “Os Centros contam com toda estrutura necessária para quem precisa de abrigo neste momento. Entre os espaços, temos o berçário e fraldário, que conta com berços produzidos com mão de obra prisional e que representam um espaço de segurança para as mães e seus filhos”, destaca.

A fabricação desses itens foi realizada nas penitenciárias de Canoas 1, Ijuí, Caxias do Sul, Venâncio Aires, Sapucaia do Sul, Modulada de Osório e Modulada de Uruguaiana e nos presídios de Julio de Castilhos, Sarandi, Encantado, Iraí, Canela, Cachoeira do Sul, Santiago, Três Passos e Frederico Westphalen.

O titular da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), Luiz Henrique Viana, ressalta os esforços do governo do Estado para promover a ressocialização através do trabalho. “Temos como objetivo oferecer oportunidades de trabalho aos apenados, para que aprendam novos ofícios e, no futuro, tenham mais chances de inserção profissional. O trabalho prisional não é desenvolvido apenas em momentos pontuais, como neste período em que o estado foi afetado pelas enchentes. Trata-se de um dos pilares do tratamento penal que ocorre diariamente nas unidades prisionais.”

A Polícia Penal, vinculada à SSPS, segue mobilizada para prestar auxílio em diversas áreas à população atingida pelas enchentes. Até o momento, cerca de 900 apenados, de 52 estabelecimentos prisionais, atuaram na limpeza das cidades e na fabricação de itens. Também foram produzidas 7 mil fraldas descartáveis, 2 mil barras de sabão e mais de 400 artigos de roupas de cama.

A mão de obra prisional, destaca o superintendente da Polícia Penal, Mateus Schwartz, tem tido papel importante na reconstrução do Estado. “O trabalho desenvolvido nas casas prisionais tem contribuído para a superação do momento difícil que ainda estamos passando. Também contribui para o processo de reinserção social das pessoas privadas de liberdade e, consequentemente, para a redução dos índices de reincidência criminal”, ressalta. 

No Presídio de Canela, seis apenados estão focados na fabricação de mais berços e armários, com materiais disponibilizados por madeireiras da região. Fotos: Rafa Marin/Ascom Polícia Penal

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