Ageflor – Associação Gaúcha de Empresas Florestais

Cartilha explica o uso de madeiras exóticas em tonéis para melhoria da qualidade da aguardente

Com base em resultados de pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, sobre a fabricação de tonéis para armazenamento e envelhecimento da aguardente, foi lançada a cartilha Uso de madeira exótica na fabricação de tonéis, disponível gratuitamente para download neste link.

O material foi produzido pela editora da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e tem textos escritos por Urgel de Almeida Lima, referência internacional em processos fermentativos de destilados, professor da Esalq no período de 1952 a 1987, ocupando cargos como o de chefe do Departamento de Tecnologia e o de vice-diretor. Lima se especializou em Tecnologia do Álcool na França e em Fermentação Industrial na Espanha.

A cartilha nasceu das discussões realizadas no evento Desafios e Tendências na Produção de Aguardente, realizadas em outubro de 2024, com especialistas da área que abordaram a importância da madeira para as características de qualidade da aguardente. “O armazenamento em recipientes de madeira enriquece a qualidade da aguardente porque a estrutura vegetal permite reações bioquímicas complementares na bebida. A reserva feita em tanques de aço não oferece a mesma reação”, comenta o autor.

Uso de eucalipto em tonéis

Com seis artigos curtos e de fácil compreensão para todos os públicos, facilitando a difusão do conhecimento e da tradição na produção desta bebida e de tonéis, a publicação destaca o estudo que buscou avaliar a viabilidade do uso do eucalipto na produção dos tonéis e analisou seu impacto em aspectos organolépticos da bebida.

As pesquisas conduzidas na Esalq demonstraram o potencial do eucalipto como alternativa às madeiras nativas brasileiras no armazenamento de aguardente de cana. O estudo, conduzido pela engenheira agrônoma Ellen Karine Diniz Viégas, identificou oito espécies de eucalipto adequadas para substituir madeiras nativas brasileiras, como amburana e cabreúva, que hoje enfrentam escassez. Entre as espécies analisadas, destacam-se o E. citriodora, E. saligna e E. tereticorns, que apresentaram resultados promissores na conservação da qualidade sensorial da bebida.

A pesquisa, orientada pela professora Sandra Helena da Cruz e apoiada pelo Departamento de Ciências Florestais da Esalq, analisou fatores técnicos e econômicos da utilização do eucalipto, considerando também o custo e a disponibilidade das madeiras. Apesar da viabilidade comprovada, a adoção dessa inovação ainda enfrenta desafios, como a falta de interesse da indústria em implementar mudanças tecnológicas. A pesquisadora destaca que o sucesso do uso do eucalipto depende da continuidade das pesquisas e de maior engajamento dos produtores, que poderiam se beneficiar da sustentabilidade e eficiência proporcionadas por essa alternativa.

Sobre o mesmo tema, a Editora Fealq já lançou outras obras: Aguardente – Fabricação em Pequenas Destilarias (1999) e Aguardente de Cana-de-Açúcar (2023), que foi semifinalista do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024 na categoria Ciência de Alimentos e Nutrição.

Para fazer o download do livro Uso de madeira exótica na fabricação de tonéis basta clicar aqui.

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Com informações da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz

Foto: Divulgação/Fealq

Fonte: Jornal da USP

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