O Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) iniciou na última semana estudo em uma área de pinus no município de Mostardas, na região sul do estado, para avaliar os efeitos dos gases do efeito estufa.
“O objetivo deste estudo é avaliar o impacto das plantações de Pinus elliottii sobre os estoques de carbono do solo e os fluxos de gases em solos arenosos no subtrópico brasileiro. A realização deste trabalho visa gerar dados específicos para as condições do Rio Grande do Sul”, destaca o engenheiro florestal e pesquisador do DDPA, Jackson Brilhante.
Segundo ele, a pesquisa será conduzida ao longo de um ano e incluirá coletas mensais de gases de efeito estufa, carbono do solo e produção de madeira. “Com esses dados, será possível estimar o carbono armazenado no solo e na madeira, obtendo assim o balanço de gases de efeito estufa no sistema de produção do pinus”, afirma Jackson.
O pesquisador do DDPA Bruno Lisboa, que faz parte do grupo de pesquisa, afirma que esta região tem o solo arenoso, bastante diferente da região norte do estado, onde também há o cultivo do pinus. “Dentro de algum tempo, provavelmente um ano, vamos ter resultados específicos daquela região a respeito do potencial da cultura do pinus em estocar carbono, na madeira e no solo, e determinar o quanto de equivalente em CO2 está sendo emitido pela floresta, e o quanto está sendo armazenado no solo e nas árvores, e então calcular o balanço de carbono no sistema”, avalia Bruno. O estudo é similar ao que está sendo desenvolvido com a erva-mate, no polo ervateiro da região do Vale do Alto Taquari, mas em outra espécie florestal.
O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Daniel Chies, afirma que esta pesquisa é fundamental para melhor compreensão da dinâmica de emissão de GEE nas atividades produtivas. “Compreendemos que pesquisas como esta permitirão demonstrar na prática os números positivos do setor de florestas plantadas na relação entre emissões e remoções de GEE”, destaca Chies. Segundo ele, outro aspecto importante é que a pesquisa ajudará na conscientização da população, demonstrando como a atividade produtiva de árvores cultivadas é sustentável e renovável, desmistificando velhas e ultrapassadas narrativas.
A pesquisa será feita em duas áreas de pinus, sendo uma mais jovem, com cerca de seis anos, e uma área que está no ponto de corte, com cerca de 20 anos, além de uma área de campo nativo para fazer a comparação entre as áreas. O equipamento portátil utilizado para medição é o analisador dos gases de efeito estufa.
As florestas plantadas são uma das tecnologias incluídas no Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (Plano ABC+). Até 2030, a expansão dessas florestas no território nacional poderá contribuir para a redução de cerca de 500 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Foto: Fernando Dias/Ascom Seapi