Os efeitos das medidas comerciais impostas pelos Estados Unidos a outros países, especialmente à China, foram debatidos pelos integrantes do Conselho de Comércio Exterior (Concex) do Sistema FIERGS. Na reunião ocorrida na terça-feira (15), os conselheiros contaram com a análise do professor titular da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, Emanuel Augusto Rodrigues Ornelas.
O especialista apresentou as consequências de curto, médio e longo prazos dos tarifaços do presidente dos EUA, Donald Trump, que, atualmente, chegam a 245% nas importações do país asiático.
“É difícil prever o desenvolvimento exato da política comercial americana hoje em dia, mas não vai se estabilizar tão cedo e vai haver uma desaceleração do comércio internacional”, considerou. Ornelas avaliou que os efeitos podem ser prejudiciais e que, “uma vez que barreiras são impostas, mesmo governos democratas (partido de oposição aos republicanos, de Trump) têm dificuldade de retirar”.
No curto prazo, o professor avaliou que a paralisação dos investimentos na exportação deve ser a principal consequência. Ainda assim, ressaltou que as medidas podem ser revogadas ou modificadas. “Trump pode voltar atrás, como fez”, disse. O governo americano revogou tarifas para smartphones e computadores.
Uma consequência de médio e longo prazo é, em razão da alta taxa imposta, empresas chinesas passarem a utilizar outros países como rota para exportar aos Estados Unidos. “As empresas vão tentar exportar para países com taxas mais baixas, como é o caso do Brasil, e depois para os EUA. Mas os EUA irão tentar evitar isso com medidas administrativas. Podemos chegar em um cenário em que será preciso usar regra de origem e países vão fazer filas para realizar acordos bilaterais com os Estados Unidos”, considerou.