Quais são os principais segmento em que a empresa atua?
Temos três tipos de negócios na Irani, sendo o segmento de papelão ondulado o com maior expressividade na receita da empresa e que representou 58% em 2023. O segmento de papel para embalagens sustentáveis, que comercializamos para o mercado em bobinas de fibra virgem ou um mix de fibra virgem e reciclada, representa 37% da nossa receita. E o terceiro segmento de atuação é no setor de resina de pinus, que alcança 5% da receita da companhia, e é totalmente direcionado para exportação.
Como a empresa conduz o abastecimento de matéria-prima para a indústria?
Em Santa Catarina, a base florestal da empresa compreende 27,9 mil hectares, distribuídos nos municípios de Água Doce, Catanduvas, Vargem Bonita, Ponte Serrada e Irani. Desse total, 12,4 mil hectares são de áreas de florestas plantadas, sendo 11,2 mil hectares de pinus e 1,2 mil hectares de eucalipto. Cerca de 1,8 mil hectares correspondem à área destinada a infraestruturas e reservatórios.
No Rio Grande do Sul são 5,9 mil hectares, dos quais 3,9 mil hectares são de pinus, nos municípios de Mostardas, Tavares e São José do Norte, o que equivale a 17,6% das florestas da companhia. Nesta área, a Irani investiu mais de R$ 204 milhões apenas em 2023, com foco em diferentes iniciativas, como melhorias de processos de gestão ambiental.
A empresa conta, há mais de 15 anos, com duas certificações de excelência em manejo florestal e de cadeia de custódia concedidos pelo Forest Stewardship Council (FSC®) para as florestas de pinus em Santa Catarina, a maior área da companhia, e no Rio Grande do Sul. O selo verde FSC® garante ao consumidor que o produto foi fabricado com matéria-prima proveniente de florestas manejadas com rígidos padrões de sustentabilidade e assim certificadas. Este processo exige garantias de controle de procedência, do manuseio e do rastreamento da matéria-prima utilizada em todas as etapas da produção, desde a floresta até o produto final. Com manejo certificado pelo FSC® e licenças ambientais expedidas pelos órgãos competentes, temos a garantia de que as operações são adequadas, preservando a biodiversidade e respeitando os trabalhadores e as comunidades no entorno.
Qual sua avaliação para o atual mercado global de embalagens de papel?
O ano de 2024 já apresenta aspectos positivos, principalmente pelos dados divulgados pela Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel). O Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO) registrou avanço de 8,1% no acumulado de janeiro e fevereiro, comparado ao mesmo período do ano anterior. A elevação da demanda neste início de 2024 é resultado de fatores que devem seguir estimulando o consumo ao longo do ano, especialmente devido ao ciclo de queda de juros na economia brasileira e norte-americana. A melhora no nível de emprego e a inflação controlada também se somam a esse movimento. A Irani se posiciona como uma das principais empresas recicladoras de papel no Brasil. A empresa tem 76,9% da produção nas unidades fabris de Campina da Alegria, em Vargem Bonita, em Santa Catarina, e de Santa Luzia, em Minas Gerais, oriunda da reciclagem de aparas. E nesse sentido, as perspectivas são muito positivas, uma vez que, estamos naturalmente inseridos no ciclo de economia circular e na tendência secular da sustentabilidade.
Na sua visão, qual a expectativa de mercado para estes tipos de produtos?
A sustentabilidade está no topo da agenda quando se fala em embalagens de papel. A tendência é do uso do papel ser cada vez mais ampliado em substituição a outras matérias-primas, principalmente pela questão ambiental. Há muito espaço para investimentos e avanços em inovação tecnológica e criativa nas embalagens de papel.
Existe uma tendência de consumo que o mercado deve considerar, principalmente em relação a produtos inovadores e à inovação na gestão?
Nós acreditamos que existe espaço para investimentos e avanços em inovação tecnológica e criativa, principalmente por uma demanda de consumidores que esperam embalagens que possam ser recicladas, que sejam leves, fáceis de abrir e com impressão mais atraente. Essa é uma crença, inclusive, alinhada ao que as entidades do nosso setor apresentam nos últimos anos.
Na Irani, a inovação é um dos nossos valores e nos impulsiona para transformarmos a vida das pessoas com atitudes e soluções sustentáveis. Neste sentido, o ano de 2023 foi extremamente positivo na construção e fomento de nossas conexões com todo o ecossistema de inovação por meio de uma edição especial do Irani Labs com foco em ESG. Fizemos, ainda, investimentos importantes em empreendimentos de tecnologia via Irani Ventures e realizamos o Irani Labs B4B, no qual buscamos conectar nossos clientes com potenciais startups na busca de soluções para desafios por eles enfrentados.
Ao longo de onze anos, o programa interno da Irani, denominado Inova Ideias, teve 6.859 ideias inscritas, com 683 implantadas, o que representa um aproveitamento de 9,96%. Até 2023, os resultados operacionais/potenciais ultrapassaram os R$ 13 milhões, com mais de R$ 292 mil pagos aos colaboradores. No ano passado, por exemplo, foram registradas 283 ideias inscritas, 113 delas implantadas. Esses são alguns exemplos de como a inovação é fundamental para o nosso negócio, principalmente para estarmos sempre à frente ao que o mercado necessita.
A unidade de negócio denominada Resina RS, com planta industrial em Balneário Pinhal, no Rio Grande do Sul, utiliza resina natural da floresta de Pinus para produzir breu e terebintina. Os dois produtos são destinados, principalmente, para o mercado externo, e as substâncias são utilizadas na manufatura de vernizes, tintas, sabões, colas e adesivos, entre outros itens.
Fonte: Lignum/Malinovski