Por Diego Camelo, coordenador de Políticas Florestais e Sustentabilidade da Ibá
Maio é um mês simbólico para todos que atuam em defesa do meio ambiente. É nele, em seu dia 22, que celebramos o Dia Mundial da Biodiversidade, uma data que convida à conscientização e ao engajamento em prol da conservação da vida em toda sua diversidade de formas, espécies e ecossistemas.
Aproveito a oportunidade para trazer uma reflexão: nos últimos tempos, temos visto diversas notícias sobre o registro de espécies de animais e plantas raras, muitas delas ameaçadas de extinção. Essas redescobertas, que acontecem em diferentes regiões do Brasil, nos inspiram e nos lembram das muitas surpresas que a natureza ainda pode nos revelar.
Esses registros não acontecem por acaso. São resultado de um esforço contínuo de pesquisadores e instituições que se dedicam ao estudo e à proteção da biodiversidade. Novas técnicas, ferramentas e metodologias têm sido empregadas para recuperar e preservar espécies, bem como para conservar ecossistemas e paisagens. E é fundamental lembrar: conservar a biodiversidade é uma missão coletiva. É preciso que sociedade civil, empresas e poder público atuem de forma integrada e comprometida.
O setor brasileiro de árvores cultivadas, referência mundial em produtividade e conservação, compreende profundamente essa responsabilidade. Sustentabilidade não é apenas um valor para nós, é um pilar estratégico dos nossos modelos de negócio. Ao longo dos anos, temos demonstrado na prática que é possível produzir de forma responsável, gerando valor e, ao mesmo tempo, contribuindo ativamente para a conservação ambiental. Prova disso é a conservação de cerca de 6,91 milhões de hectares de áreas naturais mantidas pelas empresas do setor, um compromisso concreto com a proteção da biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos.
Entre as diversas ações adotadas pelas empresas do setor, o monitoramento da biodiversidade se destaca como uma das mais relevantes. Ele permite compreender como a fauna e a flora respondem às nossas práticas de manejo, orientando estratégias de conservação cada vez mais eficazes. O resultado é expressivo: mais de 8 mil espécies já foram registradas nas áreas do setor, entre animais, plantas e fungos. Um dado que comprova que a produção, quando bem conduzida, não apenas pode, como deve coexistir com a conservação.
Para marcar o Dia Mundial da Biodiversidade, a Ibá e suas empresas associadas prepararam uma campanha mais que especial. Entre os dias 12 e 22 de maio, as redes sociais do setor estiveram repletas de registros impressionantes de fauna e flora feitos nas áreas conservadas e em mosaicos de paisagens que integram florestas plantadas e vegetação nativa, uma oportunidade de mostrar à sociedade brasileira a riqueza natural que floresce onde a produção florestal convive com áreas conservadas.
Ali mostramos, por exemplo, o mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) avistado em áreas da Cenibra. Essa ave endêmica da Mata Atlântica, ameaçada de extinção, é encontrada hoje em poucos locais do Espírito Santo e da Bahia. Mansa e bela, é alvo fácil de captura, por isso o risco de ser extinta. Uma curiosidade sobre a espécie é que os machos têm o corpo todo preto, com exceção de uma plumagem branca no ventre e de um vermelho forte na base do bico. Já as fêmeas apresentam coloração menos uniforme, com tons de ferrugem. O mutum-do-sudeste é conhecido por uma série de sons característicos que emite nos momentos em que está curioso, assustado ou se alimentando.
Compartilhamos também imagens do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), que circula nas áreas da Norflor, no sul do país. Por lá, caminha tranquilamente com seu filhote nas costas, uma cena rara para uma espécie que já desapareceu de algumas regiões do Brasil. O animal, que se alimenta basicamente de formigas, leva esse nome por ter uma cabeça pequena e comprida, e uma cauda grande e peluda, lembrando uma bandeira hasteada.
Quem acompanha as redes da Ibá aprendeu também sobre o gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroy) e o gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai), felinos raros no bioma Pampa. Geralmente avistados em ambientes campestres e de vegetação arbustiva, eles são monitorados pela CMPC. Ainda se discute o status de conservação do gato-palheiro-pampeano. Já o do mato-grande, de pelagem preta devido ao melanismo, é classificado como vulnerável à extinção.
As imagens, acompanhadas de explicações lúdicas sobre cada uma das espécies avistadas e protegidas em nossas áreas, seguem disponíveis nas redes sociais. Convido os leitores a visitarem nossas páginas, aprenderem sobre essa riqueza que nos cerca e compartilharem com amigos, colegas e familiares, para que nossa mensagem de conservação chegue ainda mais longe.
Esses e muitos outros exemplos ilustram o compromisso do setor com a manutenção dos ambientes naturais, para além das florestas plantadas. Também reforçam um ponto fundamental: conservar a biodiversidade é mais do que proteger espécies, é garantir o equilíbrio dos ecossistemas, a continuidade dos serviços ecossistêmicos essenciais e o futuro da vida no planeta.
Publicado em: Revista O Papel